Apagão na Beira e Chimoio sem indemnizações
PCA da EDM diz que apagão em Sofala e Manica é um fenómeno de “força maior”, pelo que não há espaço para compensações. Augusto Fernando diz ainda que Moçambique não é único país onde há cortes generalizados
Quase todos nós enfrentamos os problemas de energia, mas de formas diferentes. As cidades da Beira e Chimoio, por exemplo, tiveram um apagão que durou 10 dias, no início deste mês. O problema está resolvido, mas os prejuízos de famílias, empresários e todos os agentes económicos (ainda não divulgados) são, seguramente, muito grandes; os que têm energia, debatem-se com a fraca qualidade, que muitas vezes lhes tira os electrodomésticos; e maior parte dos moçambicanos (cerca de 80%) não tem energia.
Para a Electricidade de Moçambique, acabar só com os problemas dos que têm energia (a fraca qualidade e os apagões) requer investimentos avultados, segundo o presidente do Conselho de Administração daquela empresa, Augusto Fernando.
“O grande problema na rede eléctrica – a parte que é fatal – são as subestações. Quando uma linha de transporte e distribuição de energia entra em colapso, é possível repor em três ou quatro dias. Mas quando a subestação sofre uma avaria, o tempo de reparação é de cerca de 12 meses, a encomenda varia entre dois e três anos, e a rede nacional tem, neste momento, cerca de 95% das subestações sem redundâncias”, explicou ao nosso jornal Augusto Fernando.
Sistema de redundância são equipamentos que asseguram o fornecimento de energia eléctrica em caso de avaria do equipamento principal.
“Mas este é um problema do país e não da EDM como tal, portanto, temos de fazer investimentos na ordem de 200 milhões de dólares (6 180 milhões de meticais) para fazer a reposição e ter redundâncias”, disse o presidente da EDM.
Entretanto, este objectivo choca com a necessidade de expandir a rede, já que este desafio também requer investimentos de grande vulto. “Temos de encontrar um ponto de equilíbrio, porque a população está sempre a fazer pressão para ter ligação eléctrica. Então, ou investimos os 200 milhões de dólares nas redundâncias e não expandimos a rede, ou expandimos a rede e não investimos nas redundâncias”, afirmou Fernando.
Já o porta-voz da EDM, Alberto Banze, avança que a colocação dos sistemas redundantes prende-se com o acesso ao financiamento, e que não está a ser fácil mobilizar os necessários 200 milhões de dólares “Pensamos em trabalhar com parcerias e temos o Governo como o principal deles, mas como este tem várias outras prioridades, além da energia, acabamos por ter maiores dificuldades de acesso a fundos que possam conduzir os projectos em carteira”, explicou.
O PAÍS – 21.02.2014