MARCO DO CORREIO por Machado da Graça
Olá Júlio
Como estás, meu amigo? Do meu lado está tudo bem, felizmente.
Hoje, para descansar um pouco da política, vou-te falar de girafas. Ou, mais exactamente, de uma determinada girafa, recém morta no jardim zoológico de Copenhaga, na Dinamarca.
O assunto deu volta ao mundo, com protestos de todo o lado.
Mas eu conto:
Aquele jardim zoológico tinha uma girafa muito jovem. Então a Direcção do jardim lembrou-se de que existe uma qualquer legislação da União Europeia que proíbe a consanguinidade entre os animais dos zoos. E como, ao que suponho, a pobre girafinha estava numa jaula com outra, ou outras, da mesma família, para evitar que ela desse umas quecas com alguma familiar resolveram abatê-la.
Isto apesar de haver outros jardins que se ofereceram para a receber.
E, se mal o pensaram, pior fizeram. À frente de um grupo grande de pessoas, incluindo muitas crianças, deram um tiro na cabeça do pobre animal e, logo a seguir, esquartejaramno e atiraram os restos para a jaula dos leões.
Fotos e filmes do acontecimento macabro mostram crianças e adultos a afastar a vista com horror. Cena traumatizante que não vão esquecer tão cedo.
O director do jardim diz que aquela exibição de sadismo foi com fins pedagógicos, para as crianças aprenderem que, na natureza, os leões comem girafas.
Esqueceu-se de dizer que, na natureza, os animais não se matam uns aos outros a tiro nem com as vítimas fechadas em jaulas de onde não podem fugir. E sabem quem são os seus predadores.
Não imaginam que aquele tratador, que sempre os tratou bem, de um dia para o outro os vai matar.
Mas, aproveitando este exemplo, eu vou fazer uma proposta: que a União Africana peça à Dinamarca apoio financeiro e técnico para enviar brigadas de dinamarqueses por toda a África a fazer análises de sangue a cada girafa que lhes aparecer à frente e, sempre que encontrarem sinais de consanguinidade, as abatam imediatamente.
Os leões iriam adorar isso. A não ser que essas normas europeias se apliquem também aos leões, às hienas, aos elefantes, aos búfalos e por aí adiante...
Quem sabe até se apliquem aos seres humanos.
A mim isto lembra um bocado as teorias sobre a pureza das raças do falecido Adolfo Hitler. A ti não?
Só que, agora, aplicadas na civilizadíssima Dinamarca...
Um abraço para ti do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ – 18.02.2014