Ao ter abocanhado a Cidade da Beira o MDM viu-se galvanizado para voos mais altos. O MDM desdobrou-se para dentro e fora do país na criação e consolidação da sua imagem e na busca de apoios, respectivamente. E os resultados estão sendo colhidos. O MDM quis fazer passar a imagem de que ele é uma oposição jovem, mas porém adulta. Ele não é mais uma retalho da Renamo. Ele é um sim, antes de mais, uma alternativa à Renamo. Os apoios externos antes direccionados para a Renamo secaram e é suposto que agora estão virados para o MDM. A chefia da Renamo se entorpece cada dia que passa o que cede um maior campo de actuação ao MDM. A passagem do Boavida da Renamo para o MDM parece ter entregue uma nova vitalidade a este movimento, parece... O Dlakama só pensa em conversar com o Presidente Guebuza para tratar de se assegurar de que a sua Renamo deverá colher dividendos com as descobertas de gás, carvão mineral, petróleo, etc. (Como este país é rico, meu Deus!!!-isso pode não ser bom). Dlakama, está desgrudado (se é que alguma vez não esteve) das massas e dos interesses destes. Ele perdeu uma excelente e boa oportunidade de no último congresso da sua agremiação, que se realizou a ferro e fogo, de informar aos seus seguidores que se retiraria da política activa.
QUE CENÁRIO POLÍTICO GERAL SE DESENHA PARA O FUTURO?
O MDM, um partido recém criado na arena nacional, nasceu e demonstrou logo poder ter pernas para andar. Depois de arrecadar para si a Cidade da Beira desta vez logrou segurar a de Quelimane. Talvez não tenha sido um mero acaso, mas a vontade de querer vencer se materializou. MDM é um partido jovem e com gente jovem. Um partido que augura resultados imediatos. Os jovens são sempre criativos e por isso muito cedo se vão implantar com vigor na arena política nacional. A vitória em Quelimane vai catapultar o MDM daí que já se devem estar a fazer as contas sobre qual deverá ser o próximo bastião da Frelimo ou da Renamo a ser assaltada. A Renamo vai ou deveria usar o momento para proceder a uma introspecção, pois as suas bases de apoio estão fragmentando em benefício do MDM. Na Frelimo vai-se criar àlgumas mexidas quer ao nível provincial assim como central. A Frelimo quererá mostrar que vai despertar para recuperar Quelimane nas próximas eleições. A Frelimo, depois de um processo meio conturbado de eleição do primeiro secretário da província, vem se mostrando fragilizada na Zambézia. Pensar em decapitar tão já o timoneiro do partido nesta parte do país não é de certeza uma decisão acertada, e disso o Presidente Guebas sabe bastante bem, mas após o Congresso e já na preparação das próximas eleições, algo poderemos assistir. De contrário estaremos assistindo uma FRELI que já não preocupa pelo slogan: “a vitória prepara-se, a vitória se organiza-se” Um cordão de influência política centro-norte parece estar sendo criado em benefício do MDM coisa que a Renamo sempre aspirou criar, mas fazendo uso de que é detentora de armas. Qual será o próximo palco? Se a moda pega já pode se dizer que a cidade de Mocuba não perde por esperar e nem mesmo a do Gúruè. O que foi aquela de o Edil de Mocuba ter colocado os munícipes sem água durante vários meses? E água que não dá para lavar roupa branca…??? O próximo Congresso da Frelimo que se vai realizar brevemente em Pemba vai naturalmente dedicar uma larga atenção à derrota tida em Quelimane e vai querer encontrar o antídoto da doença de que padece. Será que a ausência do malogrado General Gruveta terá pesado para a derrota da Frelimo em Quelimane ou atenuou o descalabro? Deixemos que no próximo Congresso também se dedique uma atenção às coisas sob este prisma. A Renamo continuará a obedecer “cegamente” ao seu líder. Mas é de prever que mais cenários de desobediência aconteçam e desta feita na nossa urbe. Dlakama vai desgastar mais e muito a sua
imagem. Os que estavam na Assembleia Provincial já provaram o mel e quererão continuar a desfrutar dele. Enfim, Zambézia vai se converter no maior centro de atenções dos partidos e por via disso vai ser o maior laboratório político do país. Teremos o partidão numa aturada acção de reviravolta e teremos o MDM querendo estender os seus tentáculos nas províncias de Sofala e Zambézia (e quem sabe se não têm Nampula na mira?) aprimorando a sua performance nas cidades da Beira e Quelimane. É facto para dizer DEMOCRACIA ANIMA. A jovem Democracia Moçambicana já está a ganhar em tudo isto. Ela sai-se reforçada. Os eleitores sedentos de mudanças vão experimentar uma nova sensação. Se o novo prato em Quelimane for do seu agrado, quererão de certeza repetir o prato e de contrário deverão devolver à César o que parecia ser de César. É facto para dar os parabéns a todos moçambicanos que estiveram de forma directa ou indirecta ligados a eleições intercalares. Um facto para observar e vincar é que afinal de contas a Frelimo não é imbatível, a Frelimo não é licenciada no cometimento de fraudes eleitorais, tal como a Renamo sempre advogou. A Frelimo não saiu a rua a dizer que o MDM cometeu fraude tal como fazem os outros quando o resultado não sorri para eles. O L. Aboobacar já felicitou o MDM, querendo ilustrar que o seu partido reconhece que em democracia tanto se pode perder assim como ganhar. Está de parabéns a Frelimo que usou bem a ocasião para ilustrar que sabe cultivar a democracia. Mas não nos esqueçamos de que a RE não desmobilizou integralmente os seus homens e a qualquer altura quererão mostrar, a sua maneira, que querem o poder. Muito obrigado DEMOCRACIA MOCAMBICANA. Matchinga (Pseudónimo)
Nota: este artigo escrevi-o após a realização das eleições intercalares de 2011. Não o queria publicar tão já, mas o cenário que agora se vive no país precipitou a sua publicação.
DIÁRIO DA ZAMBÉZIA – 04.02.2014