“Tensão políco-militar”
A Assembleia da República (AR) aprovou, por consenso, na tarde do último sábado, as propostas de alteração da lei que cria a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e a do recenseamento eleitoral. Trata-se das leis n° 6/2013, de 22 de Feverreiro, e n° 5/2013, de 22 de Fevereiro. As propostas foram submetidas à aprovação do Parlamento no dia 17 de Fevereiro pela bancada da Renamo, à luz dos acordos alcançados no diálogo político entre o Governo e aquele partido da oposição. As duas leis aprovadas por consenso pelas três bancadas fazem parte de um total de cinco que constituem o pacote legislativo eleitoral. A luz verde sobre as duas propostas de lei aconteceu um dia depois de as mesmas terem sido aprovadas (sexta-feira) na generalidade e também por consenso.
A sessão plenária de sábado foi marcada por sucessivas alterações da hora do início, devido ao desintendimento entre as bancadas da Frelimo e da Renamo nas comissões especializadas de trabalho. O debate havia sido marcado para 09h00 da manhã, depois foi remarcado para 10h00, passou para 12h00 e, finalmente, às 16h00 foi anunciada a aprovação dos dois instrumentos.
O impasse entre as duas bancadas foi ultrapassado tardiamente, o que não permitiu a discussão em plenário.
A discórdia residia no artigo 43 da Lei da CNE, que estabelece a constituição das comissões provinciais e distritais de eleições. A Renamo defendia a redução de 11 para nove o número de membros que compõem as comissões provinciais e distritais de eleições, mas a Frelimo recusava a proposta. Ao invés de reduzirem, as partes acordaram aumentar de 11 para 15 membros, o que pressupõe três lugares para Frelimo, dois para Renamo, um para o MDM e nove para a sociedade civil.
A versão aprovada da lei da CNE estabelece que este órgão será constituído, a nível central, por 17 vogais, incluindo um presidente e dois vice-presidentes. A Frelimo vai indicar cinco, a Renamo quatro e o MDM vai designar apenas um. A sociedade civil estará representada por sete membros.
Ao aprovar os documentos, o Parlamento legitimou o acordo político entre o governo e a Renamo sobre a matéria eleitoral, que, no fundo, é uma aceitação às exigências da Renamo para o fim da tensão político-militar no país.
O PAÍS – 24.02.2014