DEZASSEIS mil, quatrocentos e noventa e dois engenhos explosivos do tipo minas anti-pessoais e anti-grupo implantados pelo exército colonial português ao longo da cintura da barragem Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) durante a guerra de libertação nacional foram desactivados ao longo dos últimos quatro anos naquele ponto da província de Tete.
Abel Chongo, administrador distrital de Cahora Bassa que revelou o facto há dias em contacto com a nossa Reportagem, disse que daquela quantidade de minas, 16.225 foram retiradas na região de Nhanchenje, na cintura daquele complexo hidroeléctrico e as restantes 267 na zona de Chissua, ponto que dá acesso à vila de Songo.
“Até agora não registámos incidentes com a população porque a equipa de desminagem, na altura do levantamento topográfico da zona suspeita de minas, sensibilizou as comunidades circunvizinhas sobre o perigo das minas e colocou sinalização em toda a área suspeita” – disse Abel Chongo.
Disse ainda que os trabalhos de pesquisa daqueles engenhos implantados pelo exército colonial português em volta da barragem da HCB ainda está em curso e apesar de algumas adversidades técnicas e materiais a operação está a registar progressos assinaláveis.
Entretanto, a vida prossegue sem sobressaltos naquela região da província de Tete, com o grosso da população empenhada na produção agrícola para a sua subsistência tendo, ao longo da última safra agrária, obtido um resultado de 31.014 toneladas de culturas diversas, contra uma planificação de 52.455 toneladas.
Foram envolvidas na última campanha agrícola, no distrito de Cahora Bassa, cerca de 13.664 famílias camponesas na prática de diferentes culturas, um número que veio a registar um crescimento na presente safra, com o incremento de outras 422 famílias.
Apesar das várias intempéries como estiagem, inundações e pragas que assolam o distrito nos últimos tempos, o número da população camponesa empenhada na produção de comida regista uma evolução de ano para ano devido, por um lado, ao aumento dos agregados e, por outro, à elevada consciência destes para a necessidade de produção de meios para a sua subsistência.
“Ao longo da campanha agrícola finda foi perdida, por inundações e pragas, uma área acima de 4271 hectares, correspondente a 13 por cento da área lavrada” – afirmou o administrador do distrito de Cahora Bassa.
Relativamente à segurança alimentar, Abel Chongo considerou normal apesar de haver algumas regiões já identificadas onde ocorrem bolsas de fome, principalmente nas zonas onde a chuva escasseou na altura em que as culturas estavam na fase de amadurecimento.
Para contornar as adversidades devido à insuficiência alimentar, o Governo do distrito de Cahora Bassa recorreu ao Fundo do Desenvolvimento Distrital para a aquisição de comida noutros pontos da província, situação que está a contribuir positivamente para o abastecimento de géneros alimentícios da primeira necessidade, com maior destaque para o milho e feijão.
Com uma superfície de 10.598 quilómetros quadrados e habitada por 86.641pessoas, segundo os dados do Censo Populacional de 2007 efectuado pelo Instituto Nacional de Estatística, o distrito de Cahora Bassa é constituído por três postos administrativos e nove localidades, limitado pelos distritos de Chiúta e Marávia a norte, através do rio Zambeze, a sul pelo distrito de Changara e a sul e oeste pelo distrito de Mágoè, através do rio Daque.
BERNARDO CARLOS
NOTÍCIAS – 27.02.2014