Negociações Governo Renamo
As delegações negociais do Governo e da Renamo terminaram a ronda negocial desta quarta-feira, sem acordo sobre os termos de referência do cessar-fogo, que vem sendo discutido entre as partes.
Na verdade, a principal divergência incide na inclusão da Itália, Portugal, Grã-Bretanha, Estados Unidos da América (EUA), União Europeia e Nações Unidas (ONU), no grupo de países observadores do processo de cessar-fogo.
O Governo voltou a recusar a inclusão desses países alegando razões de custos, tendo aceitado apenas a África do Sul, Botswana e Zimbabwe, enquanto a Renamo insiste na sua justificação de "o testemunho do cessar-fogo tem que ser mais alargado, sem com isso pretender hipotecar os interesses do País".
Ainda na ronda negocial de ontem, o Governo voltou a insistir no desarmamento dos homens da Renamo, uma questão que a contraparte diz ser matéria a ser discutida no ponto sobre as forças de defesa e segurança. Recorde-se que a Renamo exige garantias e condições para que os seus homens sejam integrados numa força única e do Estado, para acabar com o actual cenário onde a polícia e as forças armadas são o braço militar do partido Frelimo.
Por outro lado, as partes chegaram ao consenso quanto à entidade que vai gerir o processo, sem no entanto ter sido avançado o nome.
Contudo, segundo apurou o Canalmoz, a lista dos observadores ao cessar-fogo, vai ser composta por 23 individualidades estrangeiras e 70 nacionais totalizando 93 individualidades entre civis e militares.
As partes voltam a se encontrar amanhã sexta-feira, 28 de Março, em mais uma ronda negocial, não na sede habitual das conversações, mas sim na Assembleia da República, para mais uma tentativa de aproximar as posições visando harmonizar os termos de referências que até agora estão a emperrar a assinatura do cessar-fogo.
Tanto o Governo, como a Renamo, dizem estarem dispostos a continuar com as negociações e, curiosamente, ambos alegam estarem “ansiosos a alcançarmos consensos com o apoio dos nossos mediadores".
A inclusão dos países que o Governo não quer, vem contida na proposta inicialmente avançada pela Renamo há duas semanas em sede das negociações.
A harmonização dos termos de referência, estava encarregue à uma subcomissão de peritos militares e outros quadros das duas partes, cujo relatório foi apresentado na última segunda-feira durante a 45ª ronda que também apreciou na generalidade o documento. (Bernardo Alvaro)
CANALMOZ – 27.03.2014