O debate sobre o cessar-fogo entre o Governo moçambicano e a Renamo continua, mas as delegações, em diálogo político, ainda não têm nenhuma data para o término dos confrontos armados, que nos últimos dois meses circunscrevem-se a região centro do país. Ambos afirmam que tal está dependente do entendimento sobre os termos de referência ainda na mesa de diálogo.
Para a delegação do Governo, depois de se concluir os debates sobre os termos de referência inicialmente propostos pela Renamo e que foram consensualizados por uma comissão de peritos militares de ambas as partes, estarão criadas as condições para o encontro ao mais alto nível entre o Presidente da República, Armando Guebuza, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama. E, é neste encontro, segundo o chefe da delegação do Executivo, José Pacheco, que se irá efectivar o cessação das hostilidades.
Por sua vez, a equipa da Renamo, embora reconheça que o cessar-fogo deve ser declarado oficialmente pelo Presidente da República e o líder da Renamo, não dá ênfase a esse encontro por entender que o trabalho que levará a esse objectivo comum e urgente deve ser feito na mesa de diálogo.
Por outro lado, a Renamo deixou transparecer que não há nenhum problema em o seu líder deslocar-se à cidade de Maputo, bastando para o efeito que se criem condições de segurança. "O local para a assinatura do documento final não interessa, pode ser em Maputo ou outro lugar, basta que haja garantia de segurança", afirmou o chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiane.
Governo e Renamo acordam participação da SADC no debate sobre o cessar-fogo
As delegações do Governo e da Renamo, em diálogo político, analisaram esta segunda-feira (24), na generalidade, os termos de referências produzidos pelos peritos militares de ambas as partes que servirão de guia para a participação de observadores internacionais no processo de cessar-fogo, tendo-se chegado a consenso apenas no que diz respeito à Comunidade dos Países da África Austral, sendo que sobre a União Europeia e os Estados Unidos da América a questão será finalizada quando se discutir o documento na especialidade.
No documento proposto inicialmente, referente a essa matéria, a Renamo propunha o envolvimento dos países da Comunidade para Desenvolvimento da África Austral (SADC), União Europeia (UE) e os Estados Unidos de América como fiscais desse processo.
Entretanto, hoje, as partes acordaram apenas sobre a presença de países da SADC, sendo que, sobre a participação da UE, a questão será finalizada quando se discutir o documento na especialidade, ponto por ponto.
"Para já, existe abertura para a participação de Botswana, Zimbabwe, África do Sul, mas como Governo estamos abertos para o envolvimento de mais países da SADC", disse o chefe da delegação do Governo, José Pacheco, explicando em seguida que a participação da UE, nesse processo, ainda será matéria de discussão.
Pacheco explicou que a cedência do Governo em relação à participação de entidades estrangeiras visa dar confiança à Renamo, pois este mostra-se desconfortável, neste momento. "Se a confiança à Renamo é dada pela presença de entidades internacionais, o Governo, para que o país conheça uma paz afectiva, fez a essa cedência", afirmou. Para Pacheco, o Governo estava em condições de levar a bom termo essa missão de cessar-fogo.
Enquanto isso, a Renamo considera ainda que a questão de fundo é referente aos países que devem ser envolvidos. "Na nossa proposta, além dos países da SADC, colocamos da UE, tal é o caso de Itália, Portugal e Grã-Bretanha e incluímos os Estados Unidos da América e nessa matéria ainda não há consenso", disse o chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiane.
@VERDADE - 24.03.2014