Uma semana depois das delegações do Governo e Renamo, na presença de mediadores internacionais, terem acordado sobre a necessidade da presença de observadores internacionais na fiscalização do cessar-fogo, esta segunda-feira, 24 de Março, as partes reunidas apreciaram, na generalidade, o relatório dos peritos militares sobre a harmonização dos termos de referência.
Mas o encontro terminou com as partes a divergirem quanto aos países que devem fazer parte dos observadores internacionais na fiscalização do cessar-fogo e bem na entidade que vai ser encarregue na gestão do próprio processo de cessar-fogo.
Ao contrário do que vinha na proposta inicialmente avançada pela Renamo há duas semanas em sede das negociações, nesta 45ª. ronda das negociações, realizada segunda-feira com as discussões a centrarem-se em torno do relatório da subcomissão de peritos militares, o Governo veio dizer que apenas aceita a presença de observadores militares de três países da região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), nomeadamente da África do Sul, Botswana e Zimbabwe.
Em breves declarações à Imprensa, no final do encontro o chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiana, disse que "persistem algumas divergências entre as partes" em relação à proposta sobre os observadores militares internacionais e a entidade a gerir o processo.
"O Governo apenas aceitou a presença da África do Sul, Botswana e Zimbabwe, deixando de fora a Itália, Portugal, Grã-Bretanha, Estados Unidos da América (EUA), a União Europeia e as Nações Unidas", disse o deputado Saimone Macuiana, explicou que "a Renamo não exige muita coisa senão pelo menos 100 observadores de diferentes países".
Mas o chefe da delegação do Governo, o ministro da Agricultura, José Pacheco, também em declarações à Imprensa, apesar de ter afirmado que "o Governo aceita a presença de três países da SADC, nomeadamente a África do Sul, Botswana e Zimbabwe", garantiu igualmente que o executivo continua aberto para discutir o assunto na especialidade nas próximas rondas, o que a acontecer poderá abrir espaço para a entrada de outros países, incluindo a ONU.
A presença dos observadores internacionais é a condição essencial para a assinatura do cessar-fogo.
Ao contrário da Renamo que diz que as condições para o cessar-fogo e o encontro entre o presidente da República, Armando Guebuza, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, estarão criadas quando terminar esta parte dos observadores, o Governo entende que já estão criadas as condições para o referido encontro ao mais alto nível.
Em relação à apresentação da lista dos seus homens e armamento tal como exige o Governo, a Renamo, segundo Saimone Macuiana, diz que "isso só pode ser possível depois do cessar-fogo e quando, na verdade, começar a ser discutido o ponto dois da agenda das negociações atinente às Forças de Defesa e Segurança", mas mostrou-se optimista ao afirmar acreditar que as divergências poderão ser ultrapassadas. (Bernardo Álvaro)
CANALMOZ – 25.03.2014