O Presidente da República, Armando Guebuza, apresentou hoje, no distrito de Mueda, Filipe Nyusi, o candidato da Frelimo, partido no poder em Moçambique, às eleições presidências de 15 de Outubro próximo.
O facto ocorreu perante os milhares de pessoas que acorreram ao local do comício inserido no âmbito da Presidência Aberta e Inclusiva de cinco dias a Cabo Delgado, que também é a terra natal de Nyusi.
Perante uma enchente invulgar que começou no aeródromo local, Guebuza disse, antes de apresentar o candidato da Frelimo à Ponta Vermelha, que “ao longo dos cerca de 10 anos trabalhamos juntos e produzimos muitas maravilhas. Vim agradecer-vos pessoalmente, porque daqui a pouco deixarei de trabalhar como Chefe de Estado”.
Por isso, explicou Guebuza, a Frelimo escolheu um candidato capaz de fazer “as coisas andarem muito depressa e que também ama o povo”.
“Nós havemos de ganhar através dele”, asseverou o estadista moçambicano.
Esta é a terceira vez que Guebuza apresenta publicamente Filipe Nyusi. A primeira ocorreu em Lichinga, capital da vizinha província do Niassa. A segunda e a terceira ocorreram em Cabo Delgado.
Na ocasião, Guebuza explicou que Moçambique vai realizar eleições presidenciais, legislativas e das assembleias provinciais no corrente ano, e aproveitou a oportunidade para, mais uma vez, apelar à adesão de todos os cidadãos em idade de votar no recenseamento eleitoral em curso em todo o país.
A necessidade de se preservar o diálogo como garante da manutenção da paz e o reforço da unidade nacional, foram outros dos temas dominantes do discurso proferido por Guebuza nesta sua derradeira Presidência Aberta e Inclusiva que já o levou a escalar Niassa e agora a Cabo Delgado, cuja missão é fundamentalmente despedir-se do povo antes do fim do seu segundo e último mandato.
Falando em “Shi Makonde”, uma língua local, Filipe Nyusi apresentou-se como filho da casa que acaba de lhe ser confiado pelo Comité Central da Frelimo uma das tarefas mais nobres em Moçambique.
“Eu sou natural daqui”, afirmou Nyusi.
Num discurso interrompido por aplausos ensurdecedores, Nyusi disse que a sua escolha é mais uma evidência de que na Frelimo não se pede trabalho, pois as tarefas são distribuídas e estão ao alcance de todos.
Explicou que a preservação das obras e conquistas do povo desde os primórdios da luta de libertação nacional foram as primeiras coisas que lhe acorreram a mente depois de receber a missão de concorrer pela Frelimo às presidenciais de Outubro.
Disse ainda que também decidiu fazer o seu máximo para preservar os legados de Eduardo Mondlane, fundador da Frelimo e obreiro da unidade nacional; de Samora Machel, que proclamou a independência nacional; de Joaquim Chissano, que trouxe a paz depois de uma guerra civil que durou 16 anos; e, agora, de Armando Guebuza, o impulsionador do desenvolvimento económico e social.
Mueda sonha com uma transição sem o troar das armas
A maioria dos 10 residentes que foram convidados para usar da palavra no comício do planalto de Mueda pediu para que o Presidente Guebuza prossiga com o diálogo com a Renamo no sentido de desanuviar a tensão militar antes das eleições.
“Não deixe o país num ambiente de guerra”, disse Jafar Hassane, para de seguida acrescentar “nós queremos que o seu sucessor se preocupe apenas com questões de desenvolvimento e não agendas de guerra”.
Segundo Hassane, o presidente “tem a fama” por causa das grandes obras que realizou, incluindo a instituição do Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD), construção de estradas, escolas, hospitais, entre outras.
Muhibo Chapemba, outro residente, subiu ao pódio para afirmar que a população gostaria que o Presidente Guebuza continuasse no poder mas, infelizmente, isso não é possível porque existe a necessidade de se respeitar a Constituição da República.
“Pedimos que assegure os ensinamentos necessários a Filipe Nyusi para que em caso de ganhar as eleições esteja a altura dos seus antecessores”, disse Chapemba.
Hoje é o terceiro dia de visita de trabalho de Armando Guebuza a Cabo Delgado. Na segunda-feira o estadista moçambicano trabalha no distrito de Chiúre, para no dia seguinte escalar a cidade de Pemba, capital provincial.
AIM – 23.03.2014