O Parque Nacional de Gorongosa, uma área de conservação situada na zona limite sul do Grande Vale do Rift Africano, na província de Sofala, mesmo no coração da zona centro de Moçambique, está há seis anos a implementar um plano visando a sua restauração, depois de ter visto a maior parte da sua fauna, flora e infra-estruturas (com danos estimados em cerca de 95 por cento) dilacerada pela guerra civil dos 16 anos.
O projecto é financiado e dirigido por um multimilionário norte-americano dedicado à filantropia, que conta igualmente com um financiamento anual de um milhão de dólares do Governo dos Estados Unidos da América. A restauração empreendida começa a colocar o Parque Nacional de Gorongosa no roteiro do turismo mundial. Mas não só; também se tem mostrado bastante atractivo para cientistas, televisões e produtoras diversas de diferentes países do mundo, que ali demandam para realizarem documentários e reportagens sobre a biodiversidade e os vários ecossistemas existentes que o parque contém.
No entanto, os confrontos militares entre as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e os homens armados da Renamo, que têm ocorrido principalmente em Muxúnguè, Serra da Gorongosa, Marínguè e Cheringoma, levam ao afastamento prudente dos turistas estrangeiros que, de Abril a Dezembro de cada ano, costumam visitar o parque nacional.
Em 2012, por exemplo, o Parque recebeu cerca de três mil turistas estrangeiros; mas, no ano passado, aquele número reduziu para pouco mais de mil e setecentos, o que significa uma redução de quase quarenta por cento no número de visitantes a um dos maiores santuários de fauna e flora selvagens de África.
O administrador do Parque Nacional de Gorongosa, Mateus Mutemba, está convicto de que, com o aparente avanço no diálogo político entre as partes envolvidas nas negociações, que têm decorrido em Maputo, a coragem dos turistas tem sido reforçada, o que poderá significar a retoma do número de visitantes registados em anos anteriores.
E, as receitas do turismo não são nada desprezíveis, têm estado a render, até ao momento, cerca de três milhões e quatrocentos mil meticais ao Parque Nacional de Gorongosa, apesar de ainda estarem bastante longe de responder aos custos de manutenção daquela reserva selvagem, com uma área superior a 4000 quilómetros quadrados, que superam os três milhões de dólares norte -americanos.
O PAÍS – 28.03.2014