Canal de opinião por Noé Nhantumbo
De salto em salto socorrendo ou criando problemas?
Ucrânia/Crimeia/Rússia podem despoletar a III guerra mundial?
Existem potências mundiais mas dificilmente se pode falar de líderes mundiais.
Sem uma concertação profícua e vinculativa o mundo caminha a passos largos sempre novas confrontações.
De justificações para invasões a países soberanos baseados em falsos artifícios como a existência de armas de destruição maciça, Iraque, como ataques supostamente preventivos e visando aniquilar a liderança dos mentores do tristemente famoso 11 de Setembro, Afeganistão, o mundo não teve um dia sequer sem tiros, sem mortes e violência.
Em África os combates transferem-se deste para aquele país mas nunca deixam de morrer inocentes. Sequestros, raptos, escravatura, pilhagens, assassinatos de opositores políticos, economia destroçadas pela má governação e pelo saque protagonizado pelas corporações multinacionais, sistemas de saúde pública desadequados juntam-se para aumentar o sofrimento humano.
As ditas potências de modo ostensivamente defensivo pouco se importam dos danos humanos que suas políticas causam no terreno.
Numa clara demonstração de ingerência e interferência grosseiras nos assuntos dos países faz-se espionagem a luz do dia e influenciam-se processos políticos consoante agendas determinadas pelas potências que deveriam liderar a construção de um mundo pais pacífico e mais inclusivo.
Face a uma capacidade logística mundial considerável razoes de lucro continuam condenando a morte precoce milhões de crianças.
Os conflitos de natureza político-religiosa não param de produzir-se.
Há toda uma linguagem politicamente correcta para designar intervenções mortíferas e quando nos dizem que há danos colaterais estão positivamente falando de milhares de mortos como já aconteceu na Síria.
Afinal que ONU temos na verdade? Um órgão destinado a controlar os países menores e onde os mais poderosos não são escrutinados nas suas acções?
Porque convidar o primeiro-ministro de um governo provisório a correr a Washington quando existem tantos assuntos internos por resolver? Será a moeda de troca pelo facto do presidente deposto da Ucrânia ter recebido protecção de Moscovo?
Cada potência possui inegavelmente suas zonas de influência e isso deveria ser consentaneamente respeitado sem grandes alaridos.
O mundo tem possibilidade de adoptar políticas de promoção de confiança mútua no lugar de aventuras militaristas unilaterais.
Não há Pax Americana nem Pax Russa e muito menos Pax Chinesa.
Alguns dos que se apresentam como protagonistas de hoje se esquecem que existem surpresas e que um pequeno grupo de países desenvolvidos e tecnologicamente musculados pode fazer pender a balança para o seu lado.
Putin e Obama estão perdendo a oportunidade de se apresentarem como uma frente única a favor de um mundo com novos paradigmas de paz e desenvolvimento.
Qualquer novo esforço armamentista encetado pelas potências será bem recebido pelo complexo bélico-industrial como sabemos.
Problemas como a fome, o aquecimento global, as fragilidades geopolíticas, os sistemas totalitários e fundamentalistas ficam a sua sorte enquanto os poderosos de digladiam por alguns metros quadrados de terra… (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 12.03.2014