Solução passa por Governo aceitar exigências da Renamo
- Reitera Saimone Macuiana, Chefe da Delegação da Renamo no diálogo político, que garante que o seu partido nem sequer ficará com uma espingarda de caça
- A Renamo pretende ter 50% dos efectivos nas FDS e PRM, e Governo não cede a exigência, referindo que o princípio da paridade apenas aplica-se aos órgãos eleitorais, a Assembleia da República (AR), e não as FDS e a PRM
Por: Dionildo Tamele
O Governo de Moçambique continua firme no seu posicionamento e reitera que não vai ceder a exigência da Renamo, que reivindica paridade nas Forças de Defesa e Segurança (FDS) e Polícia da república de Moçambique (PRM), como condição para a sua desmilitarização.
De acordo com José Pacheco, Ministro da Agricultura e Chefe da Delegação do Governo no diálogo político, o princípio da paridade apenas aplica-se aos órgãos eleitorais, a Assembleia da República (AR), e não as FDS e a PRM.
A Renamo pretende ter 50 por cento dos efectivos nas Forças de Defesa e Segurança (FDS), e diz que só vai entregar as armas se se garantir o princípio de paridade.
Pacheco, que falava em conferência após mais uma ronda do diálogo político, a exigência da Renamo configura um autêntico golpe de Estado declarado publicamente.
“Esse princípio de paridade não se aplica, de nenhuma forma, para as FDS. O Governo não vai ceder a essa exigência”, assegurou o Chefe da Delegação do Governo.
“A Renamo diz que só vai entregar as armas se se garantir o principio de paridade e diz que quer entrega-las a aquilo que chama de entidade credível.
Existem entidades resposáveis para usar e armazenar armas”, disse Pacheco, lamentando o posicionamento da Delegação da segunda maior força política no país.
Face a este posicionamento dos membros da Renamo no diálogo político, José Pacheco rematou que “estamos perante uma Renamo que não quer a paz, que ataca as FDS e cidadãos indefesos”,, alongando que “o Governo deve ter as FDS para se defender de um partido que recusa que os moçambicanos possam usufruir da paz, produzir e prestar serviços para a criação do bem-estar em prol do desenvolvimento económico e social sustentável do país”.
Entretanto, o Governo diz que não vai esgotar a sua paciência e vai esperar até que a Renamo mude de ideia, pois, segundo disse, o diálogo é a única solução para resolver todos os problemas.
“O diálogo é a melhor solução, qualquer outro mecanismo, como pode imaginar, é capaz de ser de violência generalizada.
Nós não somos um governo belicista e violento, somos um Governo de paz”, frisou o governante, lembrando que, no passado, a “perdiz” abandonara o diálogo, e o Governo permaneceu, mesmo sem a presença da contraparte. Não vamos esgotar a nossa paciência”.
Entretanto, o Chefe da Delegação da Renamo, Saimone Macuiana, reafirmou a única saída para a desmilitarização da Renamo passa por o Governo aceitar a exigência colocada à mesa do diálogo.
“A Renamo nem se quer ficará com uma espingarda de caça. Está pronta desde que o governo considere a proposta apresentada pela Renamo”, assegurou o também Deputado da Assembleia da República.
Governo repudia ataques da Renamo a alvos civis
O Governo manifestou o seu repúdio aos ataques perpetrados, esta semana, pelos homens armados da Renamo contra as Forças de Defesa e Segurança (FDS), em Nhaulunga, zona de Mucoza, a cerca de 10 quilómetros de Santugira, na província de Sofala. Estes ataques culminaram com a morte de dois militares das FDS e o ferimento de quatro civis.
“Repudiamos os ataques perpetrados na terça-feira a uma coluna das FDS. Isso mostra mais uma vez que a Renamo pretende, matar e destruir. Esta é a mesma Renamo que pretende nos entreter no diálogo, mas no fundo é um partido sanguinário”, disse Pacheco.
Pleitos eleitorais
Pacheco assegurou que as eleições presidenciais, legislativas e das assembleias provinciais, marcadas para 15 de Outubro próximo serão realizadas em todo o país num ambiente pacífico.
Pacheco disse que realizamos em 2013 eleições autárquicas contra a vontade da Renamo que declarou publicamente que não haveria eleições.
“Realizamos mesmo sem a presença da Renamo”, anotou o Ministro da Agricultura, assegurando que “o Governo vai realizar eleições no dia 15 de Outubro com ou sem a Renamo e nas condições possíveis”.
DIÁRIO DO PAÍS – 24.04.2014