Com o almoço marcado para hoje terça-feira, no Palácio do Eliseu, dos Presidentes François Hollande e Eduardo dos Santos encerra definitivamente diferendos do passado. França vai reforçar posições na economia angolana e não apenas no sector do petróleo.
É, sem dúvida, uma visita histórica a que José Eduardo dos Santos faz hoje terça-feira a França. Depois de longos anos de contendas entre os dois países, devido designadamente ao "Angolagate" (venda de armamento russo a Angola, processos judiciais em Paris relativos a "infracções à legislação sobre as armas" e alegadas comissões ocultas a personalidades dos dois países), Paris e Luanda vão normalizar, ao mais alto nível, as relações entre os dois países.
A visita oficial (menos de 48 horas) do Presidente angolano à capital francesa acontece depois de o chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, se ter deslocado há alguns meses a Luanda e a seguir à conclusão, favorável a Angola, em 2011, do processo judicial em Paris sobre o "Angolagate".
Em termos políticos, diplomáticos e de segurança regional, a França conta em África com Angola como aliado estratégico para controlar situações complicadas de crise na República Centro-Africana e na República Democrática do Congo.
A maior fatia na exploração de petróleo angolano
"O encontro e o almoço, esta terçafeira, entre os dois Presidentes firmará a conclusão, ao mais alto nível, dos diferendos do passado, com o reforço das ligações políticas e económicas entre os dois países, que interessa às duas partes", disse uma fonte fidedigna do jornal português Expresso.
José Eduardo dos Santos, que, a partir de quarta-feira, segue de Paris para uma visita oficial ao Vaticano, é acompanhado durante a estada na capital francesa por seis ministros (Negócios Estrangeiros, Petróleos, Finanças, Comércio, Ensino Superior e Agricultura) e por diversos empresários angolanos.
De acordo ainda com as fontes do Expresso, Paris vê abertura de Luanda para reforçar posições em Angola no domínio da exploração do petróleo e ainda nos sectores da energia, das águas, dos transportes e das finanças (banca).
Apesar dos fortes litígios políticos, jurídicos e diplomáticos que se verificaram entre ambos os países nos últimos anos, França manteve sempre, através da empresa Total, a maior fatia na exploração de petróleo angolano.
A Total produzia, até agora, mais de 600 mil barris de petróleo por dia e pode passar a mais de 800 mil, em 2016, com a exploração de um novo projeto em Kaombo.
Além dos encontros previstos na cidade luz com as autoridades políticas francesas, José Eduardo dos Santos recebe igualmente diversos homens de negócios franceses.
A nova "lua de mel" franco-angolana deve contribuir para consolidar a posição de França como segundo país europeu no domínio das relações económicas e comerciais com Angola.
Atualmente, em termos internacionais, França é o sexto parceiro comercial de Angola, a seguir à China, aos Estados Unidos, a Portugal, ao Brasil e à África do Sul.
ESQUENTO – 29.04.2014