Decorre desde ontem, na capital do País, a conferência nacional sobre paz e prevenção da violência político-eleitoral, organizado pelo Parlamento Juvenil (PJ). No primeiro dia do evento, os jovens acusaram a Polícia e os órgãos eleitorais de funcionarem como extensões do partido no poder, Frelimo e de serem as principais promotoras da violência eleitoral.
Num debate bastante participativo e que contou com as Ligas Juvenis dos principais partidos políticos nacionais, houve trocas de acusações mútuas em relação à instrumentalização da juventude para a violência no período eleitoral. Mas parcialidade na actuação da Polícia da República de Moçambique (PRM) e dos órgãos eleitorais (CNE e STAE), beneficiando a Frelimo, são apontados como sendo principais factores que atiçam a fúria dos jovens promovendo “espírito de violência” em tempos de eleições.
A Presidente da Liga da Juventude da Renamo, Ivone Soares, acredita que muitos jovens têm se metido em actos ilícitos, por falta de conhecimento dos seus direitos e deveres “se todos estiverem conscientes sobre onde começa e termina os seus direitos”, não teremos violência eleitoral.
Soares acusou a CNE e a PRM, de actuarem em conluio com o partido no poder, e de promoverem violência eleitoral. “A PRM e a CNE devem pautar por um comportamento digno por forma a quebrar o espírito de violência”.
Por seu turno, o presidente da Liga da Juventude do MDM, Sande Carmona, foi mais longe ao incluir na lista dos “coniventes” da violência, os tribunais. Segundo disse os jovens do partido no poder sabem que não serão exemplarmente julgados porque “quem manda matar é quem irá julgar os infractores”, disse.
Carmona acusou a PRM de protagonizar autênticos desmandos, no período eleitoral, criando a fúria popular, mas acredita que os mesmos actuam daquela forma, por desconhecimento da lei eleitoral e defende uma formação mais séria. “O processo eleitoral é regida por uma lei específica e lamentavelmente o próprio polícia não conhece a lei eleitoral. Ficam nas assembleias de votos para cumprir ordens ilegais dos seus chefes”, explicou.
Felix Sílivia, que esteve no encontro em representação do Secretário-geral da Organização da Juventude Moçambicana (OJM), braço juvenil do partido no poder, disse que o seu partido olha para o momento eleitoral como “uma festa e não de confusão”, tendo empurrado toda a responsabilidade pela violência eleitoral aos jovens da Renamo e do MDM.
Sílivia disse ainda que os militantes do seu partido tem sido vítima de violência e os outros partidos têm instrumentalizado os seus jovens para perturbar o processo eleitoral. (Eugénio Bapiro)
CANALMOZ – 04.04.2014