O veterano da luta de libertação nacional e antigo ministro da Saúde, Hélder Martins, juntou-se ao oro de críticas sobre a distribuição da riqueza no País. No seu entender, fala-se do crescimento do Produto Interno Bruto, mas, isso não se reflecte nos salários, nem nas condições da vida das populações.
“Agora esse crescimento do PIB teve algum reflexo sobre os salários, sobre as condições de vida das populações? Até agora ainda não ouvimos. Não sei se no paraíso que estamos sendo prometidos para mais tarde, vamos ver”, diz.
Martins falava esta quinta-feira, numa Conferência Internacional de troca de experiências em monitoria e advocacia da qualidade e do acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, nutrição e HIV-SIDA. Disse que o que mais lhe preocupa é como está sendo feito a distribuição da riqueza em Moçambique.
“Nós só ouvimos e vemos que o Produto Interno Bruto, cresceu, tem vindo a crescer e estima-se que ainda vai crescer mais. Mas, não se fala de reflexo nos salários, nem nas condições da vida das populações”, disse.
Combate à pobreza não passa de discurso
Hélder Martins, que falou do tema: “Impacto da desnutrição crónica dos países em desenvolvimento” disse que o slogan luta contra pobreza, não passa de discurso.
“Quando essa coisa de luta contra pobreza apareceu em 2005, não se falava de outro de outros assuntos nos discursos. A luta contra pobreza era só produzir mais comida. Produzir comida é importantíssimo, mas não chega porque há cinco pilares nos planos estratégicos que se apoiam uns aos outros”, disse.
Martins, uma das “velhas raposas” da Frelimo, explicou que a produção de alimentos é fundamental, mas, há outros pilares como é a questão da comercialização, como é que os alimentos chegam às pessoas, o poder económico para adquiri-los, além da questão de saber usar os alimentos.
“Limitar tudo a produção de comida é um erro porque não é suficiente. É necessário, mas não é suficiente”, disse. (Cláudio Saúte)
CANALMOZ – 04.04.2014