No quartel da guerrilha da Frelimo na Tanzânia, o 25 de Abril passou despercebido aos recrutas, como Camilo de Sousa, mas o cineasta moçambicano assume hoje a Revolução como sua, porque as insurreições contra ditaduras "são universais".
Fosse pelas parcas informações que só a rádio dava, fosse pelos discursos que se seguiram à revolta dos militares contra o regime fascista português, que "não davam indícios" da almejada independência, o 25 de Abril pouco significado teve para os jovens recrutas da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) que se encontravam em Nachingweia, na Tanzânia, um dos mais importantes centros de formação de guerrilheiros do então movimento rebelde.
"Para nós, essa notícia [Revolução de Abril] não teve qualquer valor, porque pelos discursos que ouvíamos, até do Partido Comunista Português, pensávamos que a colonização se iria manter, portanto, a guerra ia continuar. Falava-se em autodeterminação, à moda francesa, mas nada de independência", recordou à agência Lusa Camilo de Sousa, antigo guerrilheiro da Frelimo e agora um dos mais conhecidos cineastas do país.
LUSA – 04.04.2014