A JOVEM cristã condenada no Sudão a morrer enforcada por apostasia (abandono de crença) deu ontem à luz na prisão nesta terça-feira, indicou a agência France Presse (AFP), citando um diplomata ocidental em Cartum.
"Deu à luz uma menina hoje", declarou o diplomata referindo-se à Meriam Yahia Ibrahim Ishag, de 27 anos, filha de um muçulmano e condenada em meados deste mês em virtude da lei islâmica vigente no Sudão desde 1983 e que proíbe as conversões, sob pena de morte.
"Parece que a mãe e a filha estão bem", declarou o diplomata, que pediu o anonimato.
A condenação à morte da jovem por um tribunal de Cartum no dia 15 deste mês provocou uma onda de indignação. Segundo os militantes de direitos humanos, a jovem permanece detida na prisão para mulheres de Ondurman com seu primeiro filho de 20 meses.
Antes do veredicto, um chefe religioso muçulmano tentou convencê-la a voltar ao Islão, mas a mulher, que estava grávida de oito meses, disse ao juiz: "Sou cristã e nunca cometi apostasia".
Meriam Yahia Ibrahim Ishag (seu nome cristão) também foi condenada a cem chibatadas por adultério.
Segundo a Amnistia Internacional, Ishag foi criada no cristianismo ortodoxo, a religião da sua mãe, já que seu pai, muçulmano, esteve ausente durante à sua infância. Posteriormente, a jovem casou-se com um cristão do Sudão do Sul.
Segundo a interpretação sudanesa da Sharia (lei islâmica), uma muçulmana não pode se casar com um não muçulmano.
Se a pena for aplicada, ela será a primeira pessoa punida por apostasia em virtude do Código Penal de 1991, segundo o grupo de defesa da liberdade religiosa Christian Solidarity Worldwide.
NOTÍCIAS – 29.05.2014