Faltam ainda vários meses para que abra o período de campanha eleitoral de 45 dias que deverá, por lei, iniciar-se a 1 de Setembro e antecederá a votação, a 15 de Outubro, para a eleição dos 250 novos deputados da Assembleia da República, do próximo Presidente da República e dos novos membros das Assembleias Provinciais. Já são conhecidos os nomes de três candidatos à chefia do Estado: Daviz Simango, do MDM, Filipe Nyusi, da Frelimo, e Raul Domingos da coligação PDD/AD. O quarto, tudo indica que será mesmo Afonso Dhlakama, se bem que haja, segundo ele próprio, procedimentos a cumprir por exigência estatutária, e outros possam ser indicados. Nada impede que Dhlakama até seja candidato sem que faça campanha e mesmo que se mantenha “em parte incerta”.
Estão assim praticamente lançados os dados e a pré-campanha já está, sem sombra para dúvidas, em marcha acelerada, aberta extemporânea e precipitadamente pelo partido Frelimo, ciente do atraso que já leva o seu calendário, fruto das “jogadas” de todo o tipo que temos estado a seguir, ensaiadas pelo seu líder para assegurar que o poder continue nas suas mãos ou nas mãos de quem, em vez de nos trazer as suas próprias ideias, seja um agente da continuidade do mesmo que fez o país chegar a este ponto em que os pobres, para além de sempre terem sido pobres, estão hoje na contingência de não terem outra opção que não seja tornarem-se indigentes, ao mesmo tempo que outros enriquecem “a chupar o sangue fresco da manada”.
Com este cenário pela frente, impõe-se que agora se comece a reflectir.
E reflectir significa começar-se a pensar que benefícios cada uma das hipóteses de escolha poderá trazer a Moçambique, entre Daviz Simango, Filipe Nyusi, Raul Domingos e Afonso Dhlakama, se mais não houver.
Teremos sobretudo que começar por avaliar o que mais nos poderá oferecer um partido que está no poder há cerca de quarenta anos e só conseguiu oferecer o tal “futuro melhor” aos da sua cúpula dirigente e seus familiares directos, que até à exaustão permanecem insaciáveis, a cobrar-nos os mais elevados preços pela sustentabilidade do seu dito “patriotismo” e “auto-estima”.
Teremos de nos preocupar e avaliar se o alto custo dos actuais dirigentes do Estado ao mais alto nível poderá continuar a ser suportado por quem, tendo acreditado alguma vez nas suas promessas, apercebe-se hoje que elas não passaram de conversa apenas para entreter o tal “maravilhoso povo” da “pérola do Índico”.
Teremos de reflectir se o custo desta guerra, que o presidente Armando Guebuza e o seu então ministro da Defesa Filipe Nyusi desencadearam contra a oposição, tivesse sido aplicado em obras públicas e na valorização dos salários dos próprios funcionários públicos, entre os quais se incluem os soldados e polícias, não estaríamos hoje a beneficiar de menos corrupção suscitada pelo desespero e necessidade de sobrevivência.
Teremos de reflectir e avaliar o que poderia ter sido feito em benefício da juventude, se esta guerra não tivesse sido desencadeada por Guebuza e Nyusi. Quantas casas poderiam ter sido construídas para jovens com o dinheiro que acabou por levar à morte tantos deles na condição de polícias e militares? Quem diz casas, pergunta também quantos empregos teriam sido criados, se o mesmo dinheiro que tem estado a ser aplicado em mais esta guerra civil, ainda que por enquanto confinada à zona centro, tivesse sido aplicado a fomentar iniciativas empresariais?
Quantos quilómetros de estradas teriam sido construídos, se as comissões da compra de armamento para a Policia e o Exército não se tivessem tornado o foco principal de quem anda sempre a falar em unidade nacional, mas a sua intenção velada é realmente subalternizar e humilhar os demais concidadãos?
Poderíamos aqui e agora enumerar uma infinidade de vantagens, se os cidadãos eleitores forem capazes de compreender que chegou a hora de impormos a paz a seres estruturalmente beligerantes, que já provaram aos moçambicanos que, da sua governação, os que realmente beneficiam são eles próprios, os seus familiares e comparsas. Mais ninguém!
O voto é uma opção de cada um. Só a soma dos votos nos poderá mostrar qual é a real alternativa. Continuemos por isso a reflectir.
Canal de Moçambique – 21.05.2014