O MOVIMENTO Democrático de Moçambique (MDM) e o Partido Nacionalista de Moçambique (PANAMO) que estão de “costas voltadas”, acusando-se mutuamente de usurpação do seu símbolo, neste caso o Galo, poderão conformar-se com a decisão que vier a ser tomada pelos órgãos eleitorais do país, conforme deram a entender ontem os dirigentes daqueles partidos contactados pelo nosso jornal.
Esta disputa, segundo disse ontem, o porta-voz da CNE, Paulo Cuinica, está agora em sede da Comissão Nacional de Eleições que “despoletou” o assunto, ao considerar que, à primeira vista, os símbolos usados pelos dois partidos são semelhantes, e que por isso poderão confundir os eleitores, no acto de votação.
Contactado ontem pelo Noticias para se pronunciar sobre o assunto, Lutero Simango, membro do Conselho Nacional do MDM afastou qualquer hipótese de o seu partido proceder à mudança do símbolo para concorrer nas eleições de Outubro.
“Vamos esperar e ver o que a CNE vai decidir em torno desta questão”, enfatizou.
Por sua vez, o líder do PANAMO, Marcos Juma, lamentou a situação, garantindo porém, o seu partido irá concorrer com o actual símbolo “porque já não há tempo para mudar”.
Conforme descreveu o porta-voz da CNE, ao verificar a semelhança nos dois símbolos, o órgão eleitoral iniciou diligências no sentido de aclarar a situação e descobriu que o PANAMO havia alertado antes, o ministério da Justiça, sobre o facto do MDM (criado depois do partido de Juma) ter optado por usar “um Galo” como símbolo do partido.
“O ministério da Justiça reconheceu, então que, de facto, os dois partidos usam o Galo como símbolo, mas que o desenho aplicado nestes símbolos é diferente, o que afasta qualquer possibilidade de confundir a identidade de um e outro partido”, disse Cuinica.
De acordo com o porta-voz da CNE, face a esta situação, a CNE está a estudar o caso e brevemente tomará uma posição definitiva em torno da questão. “Neste momento é prematuro dizer que solicitaremos um ou outro partido a tomar qualquer decisão (incluindo a mudança de símbolo). Vamos aguardar pelo evoluir da situação”, enfatizou.
No contacto de ontem com o nosso jornal, Lutero Simango, da direcção do MDM, defendeu que “o povo moçambicano conhece o nosso símbolo”.
Segundo ele, o seu partido tem reunido regularmente os seus órgãos e, nesses encontros, assim como nas delegações do partido em todo o país este símbolo e a respectiva bandeira da organização, são permanente exibidos.
“Alguma vez viu o símbolo do PANAMO? O nosso símbolo nunca ficou nas gavetas”, afirmou Simango. Ao pronunciar-se assim, Lutero Simango, que é também chefe da bancada parlamentar do MDM, na Assembleia da República, afastou qualquer hipótese do seu partido proceder à mudança do seu símbolo para concorrer nas eleições de Outubro. “Vamos esperar e ver o que a CNE vai decidir em torno desta questão”, enfatizou, a terminar.
Por sua vez, o Presidente do PANAMO, Marcos Juma, lamentou a situação, afirmando que a sua organização vai concorrer com o seu actual símbolo “porque já não há tempo para mudar”.
O líder do PANAMO, que levantou a questão junto ao ministério da Justiça, reconhece que os dois “Galos” são diferentes, particularmente na cor e na forma de apresentação na fotografia (desenho), assumindo, assim, o despacho exarado pela ministra da Justiça em torno desta questão.
“Efectivamente os “Galos” são diferentes. Porém, o que me preocupa é a forma limitada que teremos de apelar os eleitores para votarem em nós. Em situação normal a nossa campanha seria baseada no apelo ao voto e usaríamos a expressão “vote no Galo”. Porém, isso agora não será possível, sobretudo nas zonas rurais onde as pessoas terão dificuldades de distinguir o “nosso Galo” e o “Galo deles” (do MDM)”, sublinhou.
NOTÍCIAS – 23.05.2014