Desde Dezembro de 2013 a Fevereiro de 2014
Cerca de três mil turistas estrangeiros cancelaram as suas viagens para Moçambique entre Dezembro de 2013 e Fevereiro de 2014, devido ao conflito armado que se regista neste momento no país, envolvendo os homens armados da Renamo e as Forças Armadas de Defesa de Moçambique.
Estes dados constam dum estudo divulgado na terça-feira, em Maputo, pela Associação Comercial e Industrial de Sofala, e que tinha como principal objectivo quantificar o custo do conflito armado para o turismo em Moçambique.
Financiado pela USAID (Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos), através do programa do Desenvolvimento do Melhor Ambiente de Negócios (SPEED), o estudo revela tratar-se de turistas estrangeiros, sobretudo sul-africanos, que se viram forçados a cancelar os seus compromissos assumidos com diversas estâncias turísticas nacionais devido ao conflito armado que se regista neste momento no centro de Moçambique.
Segundo o estudo, com o cancelamento das referidas viagens o país perdeu mais de 10 milhões de dólares americanos.
O estudo revela ainda que o conflito armado levou a Alemanha fechar diversos projectos que estavam em curso na Maxixe, província de Inhambane.
Trata-se de projectos de desenvolvimento económico e social em que aquele país europeu desembolsava, por ano, um milhão de dólares norte-americanos para o seu funcionamento.
Por causa disso, os trabalhadores que estavam afectos aos referidos projectos perderam os seus postos de trabalho, engrossando deste momento a lista de desempregados no país, que já é bastante extensa.
O estudo indica também que o conflito armado não é a única causa que está a reduzir a vinda de turistas estrangeiros a Moçambique nos últimos anos.
A corrupção, a burocracia que se regista para obtenção de vistos nas embaixadas moçambicanas, a má actuação da Polícia de Trânsito, a má qualidade dos serviços na maior parte das estâncias turísticas que operam no país são factores apontados pelo estudo como sendo também importantes causas da redução do número de turistas que anualmente visitam Moçambique.
Por outro lado, o estudo recomenda maior divulgação de locais turísticos existentes no país, para que sejam conhecidos no estrangeiro, de modo a atrair mais turistas para visitarem Moçambique para passarem as suas férias.
O estudo foi feito com base em entrevistas a 30 operadores turísticos baseados no distrito de Vilanculos, província de Inhambane, por ter sido o local mais afectado pelo conflito armado. (Raimundo Moiane)
CANALMOZ – 29.05.2014