O Presidente da República, Armando Guebuza, convidou hoje a sociedade civil para trabalhar no sentido de convencer a Renamo, o maior partido político e antigo movimento rebelde, a compreender que o povo moçambicano quer a paz sem quaisquer condicionalismos.
O Chefe de Estado moçambicano, que hoje iniciou uma visita de trabalho a província de Gaza no âmbito da presidência Aberta e Inclusiva, respondia assim a mensagem da sociedade civil apresentada no comício que orientou na cidade de Chókwè que, entre vários aspectos, apela o governo para usar toda a sua capacidade para levar a Renamo a parar com os ataques a alvos civis e militares que se registam em algumas zonas do país, particularmente na região centro.
Segundo Guebuza, o governo tem estado a trabalhar nesse sentido, mas, por outro lado, existem pessoas que não reconhecem esse esforço, atirando culpas ao Executivo pela presente situação.
Eu penso que a sociedade civil vai nos ajudar a mobilizar a Renamo. Quando aparecerem (os homens armados da Renamo) vai perguntar porque é que vocês usam armas? Porque que não querem conversar para resolver o problema?, referiu Guebuza, vincando que, desta forma será possível alcançar rapidamente uma solução.
No seu discurso, Guebuza criticou o facto de a Renamo condicionar a cessação dos ataques armados, para devolver o clima da paz no país, a um acordo definitivo na mesa do diálogo.
Os homens armados da Renamo são moçambicanos. Quando eles querem votos também vêm para aqui. Por isso, temos de ser capazes de dizer a Renamo que não deve matar-nos. A Renamo não deve criar dificuldades no país. A Renamo deve respeitar a vontade do povo, insistiu Guebuza, questionando as razões que levam a condicionar a paz com a sua apetência de controlar as Forças de Defesa e Segurança.
As Forças Armadas são do Estado. A Polícia é do Estado para defender o povo. Mas a Renamo quer essas Forças. Para quê? É justo isso? O povo é que deve dizer a Renamo para fazer o que este mesmo povo gosta, defendeu.
Para o mais alto magistrado da nação moçambicana, a Renamo deve saber ouvir povo. Respeitar a vontade do povo e optar pela paz no país, porque todos nós almejamos a paz.
Apesar das dificuldades criadas pelo maior partido da oposição no país, Guebuza asseverou que o governo continua empenhado no diálogo e acredita que a paz em Moçambique vai ser consolidada, pois, um dia, quando a Renamo acordar, vai compreender que este país precisa de paz.
Mesmo a Renamo precisa de paz. Portanto, vai participar nos processos democráticos por via da lei e não violando a lei. Nós continuaremos a dialogar com eles, disse Guebuza.
Há várias semanas que persiste um impasse no actual diálogo político entre o Governo e a Renamo, devido a uma série de condicionalismos colocados pelo partido liderado por Afonso Dhlakama para pôr fim as hostilidades na região centro e restabelecer clima de tranquilidade e paz em todo o país.
A Renamo, além da paridade nas Forças de Defesa e Segurança, agora também exige a participação de assessores militares estrangeiros para a fiscalização do fim das hostilidades.
DT/SG
AIM – 23.05.2014