GOVERNO está disposto a trazer o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, a Maputo, para conversar com o Presidente da República, Armando Guebuza, com vista a encontrar uma saída para o clima de instabilidade político-militar que se vive no país.
O facto foi ontem anunciado pelo chefe da delegação do Executivo à mesa do diálogo com o maior partido da oposição em Moçambique, José Pacheco. Segundo afirmou, o Governo pode suportar todos os custos decorrentes da sua deslocação à capital do país e deseja que Afonso Dhlakama esteja saudável e não seja sacrificado pelos seus homens no diálogo político.
Para sustentar esta posição do Governo, José Pacheco afirmou que Afonso Dhlakama viveu em Maputo, transferiu-se depois por livre e espontânea vontade para a cidade de Nampula e, mais tarde, foi a Santungira e em nenhum momento foi hostilizado pelo Governo.
Falando a jornalistas no final de mais uma ronda de diálogo, José Pacheco explicou que o Executivo reitera que o diálogo com a Renamo se funda em quatro pilares, nomeadamente a cessação dos ataques a alvos civis e militares, a sua desmilitarização de modo a se tornar um partido político, a integração dos seus homens armados e a sua reinserção social e económica.
José Pacheco disse que a Renamo insiste que as Forças de Defesa e Segurança se retirem da zona de Marínguè, o que é inaceitável, tendo em conta o seu papel na garantia e defesa da soberania do país. Afiançou que o maior partido da oposição pretende que os elementos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique provenientes do ex-movimento rebelde, já reformados, regressem às hostes das FADM.
Reafirmou que o Governo está comprometido com as eleições de 15 de Outubro próximo.
Disse que o Presidente da Renamo não está sitiado, contrariamente ao que ele alega, como impedimento para se deslocar à cidade capital e fazer a sua pré-campanha eleitoral.
Por seu turno, Saimone Macuiana, chefe da delegação da Renamo, acusou o Governo de pretender a morte de Afonso Dhlakama, acrescentando que o Executivo não deixa que ele faça pré-campanha, tal como os outros candidatos o estão a fazer.
Entretanto, o Sheik Abibo, do Conselho Islâmico, considerou o diálogo como tendo registado “grandes avanços”. Sublinhou, no entanto, que as duas partes devem aprimorar alguns assuntos em discussão.
Disse que para a satisfação dos moçambicanos, o diálogo está a levar muito tempo, sem que se alcance a solução almejada.
“Estamos muito próximos. O que está em jogo é o nível de preparação entre as partes para que tenham a confiança necessária”, disse.
NOTÍCIAS – 27.05.2014