UMA investigadora italiana disse que o contraste na aplicação de políticas e recursos em diferentes partes de Díli afecta as relações sociais entre a população e prejudica a construção de uma identidade nacional em Timor-Leste. O governo timorense rejeita, entretanto, a conclusão do estudo.
Segundo Alix Valenti, doutoranda na University College London, que fez investigação no terreno entre 2012 e 2013, “o governo (de Dili) não conseguiu juntar as pessoas todas na construção do país e algumas sentem-se postas de parte”.
Valenti interessa-se pelo processo de reconstrução de países no período pós-conflito e escolheu a capital timorense para estudar o impacto das políticas do governo e o seu efeito na formação de uma consciência cidadã a nível local ou nacional.
Durante oito meses, entre 2012 e 2013, visitou e entrevistou habitantes dos subúrbios de timorenses de Culao, Liriu e Metin IV e identificou vários padrões, que expôs num artigo publicado na revista “Pacific Geographies” na edição de Janeiro/Fevereiro deste ano.
O ministro timorense dos Negócios estrangeiros, no entanto, desmente o estudo e sustenta que o governo tem "uma política de desenvolvimento nacional que abrange todos os distritos e subdistritos do país".
José Luís Guterres acrescentou que existe no país uma "política inclusiva que visa promover o desenvolvimento sustentável" e falou num esforço para "a melhoria da esperança de vida de toda a população".
"Respeitamos imenso todas as pessoas que fazem estudos, mas obviamente que não concordo com isso, porque a identidade de Timor-Leste foi formada ao longo de vários séculos", disse Guterres.
O ministro reforçou que é por causa dessa identidade que Timor-Leste é hoje um país independente, sublinhando que mesmo a identidade de países mais antigos continua a desenvolver-se, por se tratar de um "processo contínuo".
NOTÍCIAS – 02.05.2014