Com vista a fazer a pré-campanha eleitoral
-Garante o porta-voz da Renamo, António Muchanga
O porta-voz do maior partido da oposição no país, António Muchanga, assegurou semana finda, em Maputo, que tudo será feito para viabilizar a campanha do seu líder e candidato natural para as próximas eleições presidenciais, legislativas e das assembleias provinciais, marcadas para 15 de Outubro próximo.
Muchanga, que falava à margem da teleconferência de imprensa concedida pelo seu líder, disse que nada irá impedir o seu líder sair das matas de Gorongosa para vir a cidade, onde deverá iniciar a sua pré-campanha à semelhança dos seus adversários políticos.
Com efeito, a Renamo encontra-se neste momento a recolher assinaturas para oficializar a candidatura do seu líder Afonso Dhlakama, apesar dele se encontrar refugiado a cerca de um ano nas matas de Gorongosa.
Segundo Muchanga existe uma unanimidade no seio da Renamo que Afonso Dhlakama deve ser o candidato da Renamo para os próximos pleitos eleitorais que se avizinham.
Afiançou que existem brigadas de alto nível no seio seu partido que estão a fazer trabalho de recolha de assinatura a favor do seu líder, visndo o cumprimento das formadalidades administrativas exigidas pela lei.
“ Eu próprio estarei em Boane a recolher assinatura em Boane” garantiu Muchanga para depois dizer que a candidatura do líder representa a vontade do povo moçambicano.
“ O candidato da Renamo é Afonso Dhlakama” frisou o porta-voz da Renamo.
Recorde-se que Afonso Dhlakama, suplicou semana finda, aos órgãos de informação sedeados em Maputo, para escrever sobre o seu desejo de abandonar as matas de Gorongosa, no distrito de Sofala, e vir a cidade de modo a fazer a pré-campanha eleitoral, à semelhança do seu rival político Filipe Nyusi, candidato da Frelimo às eleições presidenciais de 15 de Outubro próximo.
“Eu quero sair daqui da Gorongosa. Quero estar com a minha família, com vocês, na cidade, com amigos e com todos, mas o Governo continua a mandar tropas para aqui e cercar-me, de modo a impedir-me de me organizar. Também quero fazer pré-campanha”, disse Afonso Dhlakama em conferência de imprensa via telemóvel, alongando que “quero que escrevam isto e digam que o Presidente Dhlakama está a espera de ouvir as respostas de Guebuza para terminarmos com esta confusão toda”.
Em conferência de imprensa bastante concorrida pelos homens da pena, Dhlakama disse que disse que não pode sair daquelas matas de Gorongosa alegadamente por continuar cercado pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS), daí que precisa de garantias de segurança para iniciar a sua pré-campanha eleitoral.
“Eu não posso continuar nas matas. Se não saio não é porque tenho medo da Frelimo. Se eu tentar sair a Frelimo vai atacar e aí reside o meu receio. É que se a Frelimo tentar disparar eu vou responder com força e destruir tudo. É por isso estou aqui a parecer um medroso”, afirmou.
O líder da Renamo assegurou que, mesmo não obter do Governo as referidas garantias de segurança, continuará paciente para evitar mais situações de tensão.
“Os outros candidatos já estão a fazer pré-campanha eleitoral. Embora eu não tenha sido legitimado ainda como candidato, sou o líder da Renamo e preciso de fazer trabalho partidário.
Quero organizar-me também para as eleições”, disse Dhlakama.
Fez notar que aceitou o pedido para manter o cessar-fogo, formulado recentemente por observadores nacionais do diálogo político, em curso no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano.
“Eu aceitei o pedido, porque pesa-me, como chefe de família, ordenar ataques, mesmo que seja em defesa própria. Eu pedi aos mediadores para informar ao Presidente Guebuza a fazer o mesmo, mas até hoje (sexta-feira) ele está em Inhambane a passear em Inhambane, fazer presidência aberta, enquanto o povo sofre”, disse.
No outro desenvolvimento da sua intervenção, Dhlakama abordou a questão relativa à paridade nas Forças de Defesa e Segurança. Trata-se de matéria debatida em sede do diálogo político entre a Renamo e Governo e que continua a ser a principal causa dos sucessivos impasses, o Presidente da Renamo disse que o seu partido está apenas a exigir que se cumpra com o Acordo Geral de Paz (AGP), que contempla a existência de 50 por cento dos membros das FDS, provenientes da Renamo, e igual percentagem para Frelimo, partido no poder.
Como disse Dhakama, o Governo já não quer a unificação das FDS, mas sim que a Renamo entregue armas.
“Como é que Dhlakama vai entregar armas da sua segurança a outro partido?”, indagou, avançando que “nós queremos a unificação das FDS, não queremos que cada partido tenha forças armadas. A Renamo não tem forças armadas, tem a sua própria segurança autorizada pelo AGP. Quem tem forças é o Governo da Frelimo”.
Aquele líder da oposição entende que é altura de o Governo decidir se quer ou não que haja um exército unificado em Moçambique, devendo fazer chegar esse posicionamento à própria Renamo e a comunidade internacional para oficializar o seu exército.
“Se não querem que haja paridade que o digam para que eu faça o meu exército”, disse Dhlakama, para depois referir que “não posso continuar nas matas. Se não saio não é porque tenho medo da Frelimo. Se eu tentar sair a Frelimo vai atacar e aí reside o meu receio. É que se a Frelimo tentar disparar eu vou responder com força e destruir tudo. É por isso estou aqui a parecer um medroso”.
Recorde-se que o Governo já veio publicamente anunciar que não vai ceder a exigência da Renamo sobre a paridade nas FDS e Polícia da República de Moçambique (PRM), como condição para a sua desmobilização.
A Renamo pretende ter 50% dos efectivos nas Forças de Defesa e Segurança (FDS), uma pretensão que para José Pacheco, Chefe de Delegação do Governo no diálogo político afigura-se um autêntico golpe de Estado declarado publicamente.
Por: R. Manoco
DIÁRIO DO PAÍS – 28.05.2014