Tensão político-militar obriga cidadão a dormir dentro das viaturas ao longo da EN1
Circular na Estrada Nacional número 1, entre Muxúnguè, no distrito de Chibabava, em Sofala, e Rio Save, em Inhambane, é um grande risco. Por conta disso, dezenas de pessoas e viaturas continuam retidas, há pelo menos dois dias, em Muxúnguè.
Na manhã de ontem, a nossa reportagem constatou que algumas pessoas que estavam em autocarros que entraram na coluna militar, intimidados pelos ataques registados contra a primeira coluna do dia, decidiram regressar a Muxúnguè e esperar por uma melhor oportunidade para atravessar a região.
Neste sentido, os passageiros são obrigados a dormir no interior dos autocarros. Alguns estendem capulanas no exterior dos autocarros e passam o dia à espera de um sinal para se fazerem à estrada, rumo aos seus destinos.
Os passageiros, na sua maioria mulheres que se dedicam ao negócio, pedem ao governo e à Renamo para se entenderem na mesa das negociações, “porque quem está a sofrer é o povo”.
“Queria pedir ao governo para vir ver o que estamos a passar aqui. Isto é sofrimento”, disse Laurinda Matsinhe, uma viajante interpelada pela nossa reportagem.
“Não dá para acreditar que isto está a acontecer no nosso Moçambique. Parecem coisas que estão a acontecer longe. Só para percorrer 500 km, precisamos de dois a três dias. Isto não dá”, desabafou Iolanda Armando, outra viajante retida em Muxúnguè.
O PAÍS – 06.06.2014