Que tentaram persuadi-lo a parar com os ataques e enveredar por via do diálogo
“O país parece estar a arder porque nós também estamos a responder. Dantes respondíamos só aqui em Gorongosa, quando nos atacavam e ninguém falava. Quando avisamos que vamos atacar, porque as forças do Governo estavam a atacar-nos, ninguém ligava, nem vocês religiosos, parecia que Dhlakama estava a brincar. Agora é que estão a chorar. Vocês não são sérios também, são culpados. Tem medo de quem, Guebuza é o rei, é deus do mundo”?, Afonso Dhlakama
Por: Dionildo Tamele
O Presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, desvalorizou, na pretérita sexta-feira, em Maputo, o apelo dos líderes religiosos para suspender os ataques contra alvos civis, que tem estado a protagonizar na zona centro do país, concretamente, no troço Muxúnguè-Rio Save, distrito de Gorongosa, província de Sofala.
Falando via telefónica com os representantes das principais igrejas baseadas em Maputo, Dhlakama não acatou os apelos dos líderes religiosos e responsabilizou-os pela actual tensão político-militar, pois, conforme disse, quando a Renamo disse que ia atacar para se defender das manobras do Governo de acabar com o seu partido ninguém ligava, nem os religiosos.
“O país parece estar a arder porque nós também estamos a responder.
Dantes respondíamos só aqui em Gorongosa, quando nos atacavam e ninguém falava”, disse Dhlakama, para depois anotar que “quando avisamos que vamos atacar, porque as forças do Governo estavam a atacar-nos, ninguém ligava, nem vocês religiosos, parecia que Dhlakama estava a brincar. Agora é estão a chorar. Vocês não são sérios também, são culpados”, disse Dhlakama, para depois indagar “tem medo de quem, Guebuza é o rei, é deus do mundo”?
O Presidente da Renamo explicou aos religiosos que alargou e intensificou os ataques no centro do país, porque os membros da Renamo estão cansados das perseguições da Frelimo, que quer eliminar todo aquele que é membro desta formação política.
“Perguntem o Guebuza se tem uma ilha onde vai colocar os membros da Renamo, ou então vamos dividir isto. Sudão está dividido, a Alemanha Democrática e Alemanha Federal estavam divididas, a Coreia do Norte e do Sul estão divididos por causa destas brincadeiras, o regime que maltratava o povo”, disse.
Recorde-se que a Renamo suspendeu semana finda, o cessar-fogo, volvidos vinte dias após o ter decretado unilateralmente. O reinicio das hostilidades foi anunciado pelo porta-voz do presidencial, António Muchanga, em reposta aquilo que considerou de intenção do Governo de eliminar fisicamente Afonso Dhlakama e os quadros que o acompanham e garantem a sua segurança, à semelhança do que aconteceu no dia 21 de Outubro último em Satungira.
António Muchanga disse que o cessar-fogo anunciado no dia 7 de Maio seria levantado porque que o mesmo não está a ser correspondido pelo Governo, que continua a enviar mais Forças de Defesa e Segurança (FDS) para o distrito de Gorongosa, desvalorizando, conforme disse, o apelo feito pelo Presidente da Renamo com vista a retirada destes militares naquele ponto do país.
Após o levantamento do cessar-fogo, os homens armados da Renamo protagonizaram, no troço Muxúnguè-Rio Save, no distrito de Chibabava, província de Sofala, um total de quatro ataques o total de incursões até aqui protagonizadas pelos homens armados da Renamo, contra colunas de viaturas civis na estrada nacional número um, zona considerada perigosa, que se saldaram em mais de duas dezenas de feridos, entre civis e militares, para além de danos materiais avultados.
Recorde-se que depois que os ataques dos homens armados recrudesceram em 2013, as colunas de viaturas no troço Rio Save-Muxúnguè, são escoltadas pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS).
DIÁRIO DO PAÍS – 09.06.2014