O espírito empreendedor que se apossou dos chineses, leva-os a exportarem em massa tudo o que se produz e se faz no seu País, ao mesmo tempo que eles se exportam ou melhor, imigram em massa para todos os países, incluindo para aqueles em que outros povos, como os moçambicanos, pensam que não são capazes de ir competir com os naturais dessas nações, como é o caso dos EUA, Japão, da Europa ou mesmo da África e Asia.
Dados a que tenho estado a ter acesso nesta minha visita à China, mostram que afinal as legiões de chineses que têm estado a fixar-se em Moçambique e noutros países africanos, e que têm estado a abrir lojas, supermercados e outro tipo de empreendimentos, como empresas de construção civil, são apenas parte de várias outras legiões chinesas em número ainda maior, que têm estado a se exportarem para todos os países do Globo. Estes têm estado a fazer todo o tipo de negócios tão bem sucedidos para a surpresa de todos, menos eles próprios.
Tais dados mostram, a nú, que afinal a versão propalada pelo Ocidente sobre uma hipotética invasão ou recolonização da África pelos chineses, não passa duma falácia que visa levar os africanos a hostilizarem os empreendedores deste gigante tão amigo da África e cuja cooperação com ela se tem traduzido em ganhos mútuos. Na verdade, os chineses têm estado a afluir tanto em África como nesses países ocidentais com o propósito apenas de fazer negócios e nunca de colonizar ou de recolonizar os países em que se fixam.
O que é mais curioso, é que a maioria dos que exportam bens e serviços do seu País ou se exportam eles próprios são jovens que optam por esta aventura sempre em busca do male, valendo-me agora do termo bantu (changana) para dizer dinheiro, que depois exportam ou transferem para a sua Pátria em acelerada modernização.
Um dos empreendimentos em que os jovens chineses estão a ter um grande sucesso em muitos países - especialmente europeus, tais como França, Alemanha, Holanda e no norte da Itália - é o dos Malls ou Centros Comerciais, onde vendem quase todas as bugigangas como se vê em algumas cidades moçambicanas, como Maputo, Beira e Nampula. No caso da Europa, o que os chineses mais vendem é a famosa seda chinesa.
Um destes negócios bem-sucedidos é dado a conhecer pela Revista de Board, da prestigiada companhia de aviação chinesa Air China, porque está a se expandir por quase todos os países da Europa, América e mesmo no próprio continente asiático.
Esta Revista conta que os chineses vendem produtos do seu País à Europa e à China vendem os europeus, no que acaba sendo um negócio de dois bicos ou duplo.
A publicação refere que este negócio de exportar bens chineses para aqueles países e o de trazer os desses países para a China já não depende só dos navios como era no passado, de há 2.000 anos, quando a China e outros países importavam bens de uns dos outros usando apenas a via marítima ou navios. Agora os produtos de um e outro lado são transportados nas moderníssimas super-rápidos comboios-balas que ligam a Europa e a China. A linha ferroviária em que circulam é conhecida por Eurásia International Railway, ou Linha Ferroviária Eurásia em português, que, neste caso, tem como ponto de partida o território chinês, cujas velocidades atingem mais de 300 quilómetros/hora, e que percorrem as dezenas de milhares de quilómetros antes de escalarem Kazaquistão, Russia, Belarússia, Polónia e, finalmente a Alemanha.
AFINAL DE QUE É FEITA A MENTE DO CHINÊS
Um dos meus colegas desta viagem aqui à China, o Director do Notícias, Jaime Langa, havia me dito um dia antes de ler estas estórias dos chineses que se exportam para irem abrir negócios na Europa, África e noutras partes do Mundo, que não via porque é que os moçambicanos não estão a vir cá na China para investirem no que mais sabem fazer ou produzir e não só para fazerem compras como mukheristas. Langa chegou a aventar a hipótese dele próprio abrir cá um negócio qualquer, porque, segundo ele, qualquer povo tem algo que sabe fazer melhor, e que por isso pode ter vantagens comparativas e atrair o interesse de outros povos.
Confesso que esta sua ideia caiu-me à primeira um pouco insensata, porque achei que não seria lá muito fácil a um moçambicano vir cá na China investir, logo num País como este, em que tudo é feito com uma perfeição de se tirar o chapéu ou prestar-se-lhe um longo bayééééthe.
Agora vejo que o meu colega Langa tem uma visão fazível, porque do mesmo modo que os jovens chineses se estão a sair bem em países como da Europa e das Américas, onde nós outros pensamos que são os donos e senhores do saber, já acredito que há muitos moçambicanos que podem sair-se também bem aqui na China como noutros Países. Há muitas coisas que se fazem em Moçambique que podem ser vendíveis em muitas partes do mundo, incluindo a nossa culinária, artesanato, musica, e muito mais. O que nos falta é o espírito empreendedor, talvez porque, durante a era colonial, aos moçambicanos de cor não eram permitidos fazer nenhum negócio.
Um dos casos bem-sucedidos que a revista da Air China destaca é dum jovem chinês que dá pelo nome de Zhou Liqing, de 29 anos de idade, mais concretamente da região chinesa de Chongqing, que, depois de se graduar pela Universidade alemã de Hamburgo, começou com um negócio a partir dum quartinho que alugava junto duma comunidade chinesa que vive na mesma cidade.
O próprio jovem contou que agora dispõe de um grande Mall ou Supermercado, e que um terço do que vende importa da China, mas que os restantes dois terços já são produtos doutros países que importa também. Ele diz que não tem dificuldades de trazer seja o que for, porque Hamburgo é ligado para o resto do Mundo pelo mar, ar e terra, ou seja, por navios, aviões e vários outros meios de transporte terrestre, como a tal Linha Ferroviária Eurásia.
Este jovem empreendedor chinês diz que vende um pouco de tudo o que se apercebe ser vendível, e que entre os produtos que traz da China, inclui-se peças de automóveis, seda, mobília, roupa, produtos indumentários de alta qualidade feitas de algodão, seda industrializada. Da cidade de Hamburgo exporta para China os carros de marca alemã, madeiras, maquinaria de pequenas dimensões e outras de grandes aplicações e até mesmo animais como cavalos.
Uma análise a este sucesso dos chineses leva-nos a concluir que eles trabalham na base de objectivos e não se deixam desfalecer com o que os outros povos já fizeram. É por isso que estão a construir agora cidades sui generis e tão modernas e belas que nunca antes se construíram em parte alguma do Mundo.
Outra das vantagens dos chineses é que os seus produtos são baratos em relação aos dos outros países, incluindo o custo dos seus serviços.
Isto acontece porque o custo de produção de um produto chines é sempre mais baixo em relação ao produzido por um outro País. Um dos exemplos que mostra a razão do produto chinês ser mais baixo é na construção de estradas. Enquanto uma empresa portuguesa, por exemplo, exige que se pague, hipoteticamente, oito mil dólares por cada quilómetro de estrada por se construir, a chinesa cobrará apenas metade deste valor.
O que faz com que a empresa portuguesa cobre o dobro é que os seus engenheiros e outros técnicos de proa vivem num hotel cinco estrelas, enquanto os da chinesa dormem num estaleiro que constrói para eles junto da mesma obra que está a construir. Esta tendência de baixar os custos de produção pelas empresas chinesas faz com que vendam os seus produtos ou cobrem, pelos serviços que prestam, preços ou valores baixos, fazendo com que os produtos ou serviços dos chineses tenham maior procura no Mundo.
GM/dt
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AIM – 23.06.2014