Porque é que menos de 5% dos moçambicanos usam a Internet, em contraste com 32% no Quénia e 17% no Uganda, aqui ao lado?
A pergunta está ainda à espera de resposta cabal mas, desde já, estes dados fazem do país um caso “gritante de necessidade de progresso”, declara a Alliance For Affordable Internet ( Aliança para Internet a Preço Acessível),num comunicado sobre o seu primeiro encontro em Moçambique que teve lugar ontem em Maputo.
Hoje em dia, "menos de 5% dos moçambicanos usam a Internet, sobretudo devido aos altos custos para subscrever: um contrato de um ano, custa 1,5 vezes mais do que a maioria dos cidadãos do país consegue ganhar por ano" informa a A4AI.
“A nossa impressão geral é de que, apesar das variações regionais, as amplas frustrações expressas e os desafios identificados espelham os que ouvimos no Gana, na Nigéria e, de facto, pelo mundo", pode ler-se num comunicado emitido pela organização.
“Os custos e a alocação do espectro, a tributação do sector das TIC ( Tecnologias de Informação e Comunicações), em particular os impostos sobre os dispositivos, foram alguns dos tópicos discutidos.
Alguns dos participantes no encontro "sugeriram a aplicação em Moçambqiue do modelo queniano de taxa zero na importação, de forma a baixar custos da internet e, consequentemenete, aumentar o número dos utilizadores". O comunicado reporta que “a necessidade de infra-estrutura adicional, desenvolvida numa base de livre acesso foi também abordada mais do que uma vez.”
A A4AI trabalha para tornar a Internet mais barata e acessivel e decidiu dar prioridade a três áreas-chave no seu trabalho com Moçambique. A saber: “ incentivar a recolha e comunicação de dados, efectuar aconselhamento em políticas que acelerem o investimento e a partilha de infra-estruturas, trabalhar na identificação de mecanismos capazes de reduzir a carga fiscal no sector das TIC”.
Os participantes terão sido unânimes ao considerar que a reforma das políticas e normas aplicáveis ao sector, efectuada tendo em conta a realidade local, é a chave para abrir caminho a baixar dos preços da internet em Moçambique.
O encontro contou com as presenças de Gabriel Muthissse, Ministro dos Transportes e Comunicações, Américo Muchango, Director Geral do INCM, Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique, que acolheu o evento, Sónia Jorge, directora executiva da A4AI e Venâncio Massingue, fundador do SIITRI (Instituto de Investigação Científica, Inovação e Tecnologias de Informação e Comunicação) e ex-ministro da Ciência e tecnologia de Moçambique, entre 70 representantes de empresas e da sociedade civil.
Enquanto isso, uma população de 24 milhões de habitantes, maioritariamente jovem, aguarda desenvolvimentos.
Club Of Mozambique – 20.06.2014