O PRESIDENTE da Casa de Moçambique, em Portugal, Enoque João, disse que os moçambicanos são naquele país uma comunidade integrada, mas defende melhores políticas de vistos de entrada no território português.
“Há uma questão que neste momento me preocupa, que é a dualidade de critérios na atribuição dos vistos de Moçambique para Portugal. Os nossos dirigentes dizem que os nossos países são irmãos, mas o que os nossos ministros dizem, os oficiais e técnicos da área desfazem, e esta é uma circunstância frequente”, disse à LUSA o presidente da Casa de Moçambique em Portugal, instituição com mais de três mil associados com sede em Lisboa.
Como exemplo, Enoque João referiu que parte dos artistas moçambicanos que devia ter estado presente na semana cultural moçambicana, que terminou sexta-feira em Lisboa, não conseguiu vistos de entrada em Portugal.
“Das 25 pessoas que deviam estar presentes na semana cultural moçambicana em Lisboa, cinco músicos não tiveram vistos e lá se perdeu o dinheiro do avião”, disse Enoque João, sublinhando que a questão dos atrasos na emissão de vistos de entrada em Portugal é, “infelizmente”, uma situação que se verifica com frequência.
O presidente da Casa de Moçambique que se deve encontrar hoje com o Chefe do Estado, Armando Guebuza, em Lisboa, refere que a comunidade residente em Portugal está integrada e “respeita os valores da sociedade onde está inserida”.
“Há empresários, médicos, advogados e trabalhadores por conta de outrem, em geral. Eu destaco estes escalões, mas há moçambicanos na restauração e em outras ocupações. Os que vieram há mais tempo estão muito bem integrados a nível laboral”, afirma o presidente da Casa de Moçambique.
Segundo Enoque João, trata-se de uma comunidade que está no país há várias décadas e que apesar de, nos últimos anos, muitos estudantes moçambicanos terem decidido ficar, não se verifica actualmente uma vontade por parte dos cidadãos de Moçambique em escolher Portugal como destino permanente.
“Neste momento não temos moçambicanos que querem vir à Portugal viver. Quando muito um e outro que tem cá familiares e que quer vir para fazer o chamado agrupamento familiar. Temos aquela geração que veio há vinte ou trinta anos e temos outra que é estudantil e essa, com certeza, quer regressar a Moçambique no futuro”, disse, sublinhando os “valores” da integração.
“Uma coisa que me deixa muito contente como presidente da Casa de Moçambique é que a comunidade, do ponto de vista jurídico, finalmente não está envolvida no mundo do crime e isso é um valor da própria integração: saber respeitar a sociedade em que está inserida, não criando desacatos e vivendo como se fizesse parte deste povo português”, assinalou.
De acordo com o responsável pela Casa de Moçambique, a maior parte da comunidade reside em Lisboa, mas também na margem sul do rio Tejo e na região algarvia, além do Porto, Coimbra e Braga, onde muitos estudantes moçambicanos acabaram por se fixar.
Em Portugal está concentrado o maior número de moçambicanos residentes no continente europeu, seguido da Alemanha, havendo também comunidades significativas em Andorra, Espanha, Suíça e França.
NOTÍCIAS – 01.07.2014