A ASSOCIAÇÃO dos Combatentes da Luta Armada de Libertação Nacional (ACLLN) repudia veementemente o posicionamento do clérigo da Igreja Católica Apostólica Romana, D. Jaime Gonçalves, que “convida o povo a livrar-se dos belicistas” nas próximas eleições gerais no país.
“Quem são esses belicistas? Queremos conhecê-los” exigiu o secretário-geral da ACLLN, Fernando Faustino, instando o reformado arcebispo da Beira a assumir um papel conciliador no processo político nacional, ao invés de “lançar achas à fogueira”.
D. Jaime Gonçalves falou semana passada ao jornal “Savana”, mobilizando o povo a não votar nos partidos que se encontram em diálogo politico no Centro Internacional de Conferencias “Joaquim Chissano”, nomeadamente a Frelimo e a Renamo, classificando-os de belicistas. Mesmo sem se referir de forma directa em quem o povo deve votar nas próximas eleições, os pronunciamentos do arcebispo dão a entender que ele esteja a fazer campanha a favor de uma determinada forca politica.
“Ele foi muito infeliz. Convidamo-lo a ocupar-se de questões religiosas e/ou a despir-se das batinas e posicionar-se no cenário político nacional para não confundir a população. Aliás, até porque são conhecidas as posições políticas de D. Jaime, sempre incendiárias e contrarias ao partido no poder”, denunciou Fernando Faustino, mostrando-se não surpreendido, mas atónito por o clérigo se distanciar de tais posições e abraçar outras.
Fernando Faustino reconhece no entanto, o papel desempenhado pela Igreja no processo de busca da paz para o país, mas considera inoportuno que D. Jaime Gonçalves que até esteve presente nas negociações de Roma, faça discursos incendiários e contrários à paz e a democracia em Moçambique.
A Associação dos Combatentes da Luta Armada de Libertação Nacional considera as afirmações de D. Jaime como sendo manipuladoras, obscuras e tendenciosas. Considera ainda que o clérigo é livre de se filiar a um partido político, mas que o deve fazer abertamente e não usar a sua posição religiosa para manipular a opinião pública.
Nas suas declarações, o reformado arcebispo da Beira acusa as Forcas Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) de serem promotoras do ambiente político que se vive no país, alegadamente por terem atacado a base da Renamo em Sandjundjira, obrigando o líder desta formação política, Afonso Dhlakama a refugiar-se em parte incerta. Todavia, segundo Fernando Faustino, D. Jaime Gonçalves esquece-se ou finge que não sabe que o ataque das FADM se deveu ao facto de ser a partir desta base que eram programados os assaltos a alvos civis e militares, a mando de Afonso Dhlakama.
Segundo Fernando Faustino, o clérigo esquece-se que quem provocou ruptura no processo político nacional foi a própria Renamo e o seu líder pelo facto de ao não conseguirem alcançar os seus objectivos pela via do voto popular, entenderam, erradamente, que tal seria por via da força ou da destabilização.
Sobre as alegações de homens da Renamo não integrados nas FADM, uma das exigências da Renamo e acerrimamente defendida pelo arcebispo D. Jaime, Fernando Faustino, mostra-se incrédulo por tamanho desconhecimento do processo por parte do religioso e explica que no seio do exército moçambicano estão integrados homens oriundos de todas as partes, e cada uma delas com posições de chefia.
“Afinal o que pretende D. Jaime Gonçalves?”, questionou a fonte, aconselhando o reformado arcebispo a entender que em jogo da democracia quem manda é o povo e que se a Renamo pretende chegar ao poder deve deixar de molestar esse mesmo povo, trabalhar com ele, expondo os seus projectos e implorando o seu voto.
Num outro desenvolvimento, o secretário-geral da Associação dos Combatentes da Luta Armada de Libertação Nacional, Fernando Faustino, aconselhou o arcebispo a não criar problemas ao país, mas tão-somente a dar o seu contributo para que Moçambique viva uma paz efectiva e aprofunde o processo da democracia vigente desde a assinatura do Acordo Geral de Paz, do qual ele foi parte integrante.
NOTÍCIAS – 28.07.2014