Diálogo político
Com grande parte dos consensos ainda em fase de segredo, o chefe da delegação governamental no diálogo, José Pacheco, revelou o mecanismo que será seguido para “amnistiar” os guerrilheiros e outras pessoas (da Renamo em particular) que, directa ou indirectamente, tiverem participado em ataques armados.
De acordo com Pacheco, o consenso aponta para a necessidade de arranjos judiciais para que ninguém seja punido por actos decorrentes da actual tensão político-militar. “O consenso sobre a cessação das hostilidades pressupõe que as pessoas, que cometeram actos condenados por lei durante o tempo que durou o diferendo, não respondam em juízo pelos seus actos”, esclareceu José Pacheco.
“Como isto será feito? Teremos que trabalhar com os órgãos da justiça para haver esses elementos como garantia”, concluiu. Depois da detenção de António Muxanga, porta-voz do líder da Renamo, indiciado de “incitação a violência” parecia estar aberta a “caça as bruxas”, admitindo-se que o próprio líder da Renamo poderia ser um dos homens alvo da justiça.
O próprio líder da Renamo, em algumas vezes manifestou em declarações públicas, receios de ser detido ou abatido, justificando deste modo, a sua continuação no esconderijo. Com o consenso alcançado no diálogo, parece estar aberta a possibilidade, até do próprio porta-voz de Dhlakama vir ser libertado, a qualquer momento. Tal como Muxanga, todos os outros guerrilheiros, conhecidos e desconhecidos, deverão beneficiar de “amnistia”, abrindo caminho para uma paz efectiva e uma reconciliação total, com garantias de Estado de que não haverá nenhuma caça as bruxas.
O PAÍS – 31.07.2014