O LÍDER da Renamo, Afonso Dhlakama, já abandonou a zona de Nhadombe, algures em Gorongosa, onde estava escondido desde o dia 21 de Outubro do ano passado, quando as Forças de Defesa e Segurança (FDS) tomaram de assalto a sua base de Sandjundjira.
Informações obtidas pela nossa Reportagem no terreno dão conta que Dhlakama poderá se encontrar, há três dias, na povoação de Mapanga-Panga, depois de, inclusivamente, se despedir da comunidade de Nhadombe e da sua segurança, anunciando viagem com destino a Maputo.
Fontes credíveis revelaram em exclusivo ao Noticias, na manhã de ontem, esta informação na vila da Gorongosa, acrescentando que o dirigente da Renamo estaria a aguardar apenas pelos últimos acertos do diálogo entre o seu partido e o Governo, que decorre no Centro de Conferências Joaquim Chissano em Maputo.
Mapanga-Panga localiza-se há aproximadamente sete quilómetros de Sandjundjira, e, de acordo com as nossas fontes, Dhlakama faz-se acompanhar por um efectivo composto por sete homens.
As nossas fontes crêem que as restantes forças residuais daquele antigo movimento rebelde provavelmente estariam ainda a aguardar por novas ordens da sua liderança em Nhadombe.
As fontes sugeriram, por outro lado, que a verdadeira causa do abandono de Dhlakama da então propalada “parte incerta”, do seu esconderijo, poderá ser “única e exclusivamente a tentativa de sair daquela zona do interior de Gorongosa”, não confirmando nem desmentindo as informações que circulam naquela região de Sofala, sobre o seu actual estado clínico, alegadamente debilitado em razão de uma diabete crónica.
Com efeito, informações postas a circular quarta-feira indicavam que Dhlakama via-se na contingência de abandonar o seu esconderijo em Nhadombe, em consequência da rápida degradação do seu estado de saúde nos últimos dias.
“Aqui (na vila da Gorongosa) temos segurança e ele (Dhlakama) está a ser devidamente controlado. Isto demonstra claramente que o governo de Moçambique nunca teve ou terá qualquer intenção de lhe matar”- enfatizou uma das nossas fontes.
Outra causa que eventualmente terá precipitado o abandono do líder da Renamo do cume da serra da Gorongosa, conforme apuramos na circunstância, pode estar implicitamente relacionada com as baixas temperaturas que nesta época do Inverno fustigam a zona, com uma oscilação até uma média de cinco graus centígrados.
Outras informações obtidas pelo nosso Jornal em Gorongosa, indicavam que uma das parentes de Dhlakama, identificada apenas pelo único nome de Lúcia, encontrava-se ontem na cidade da Beira, com o objectivo de preparar a sua logística junto da delegação política da Renamo.
A direcção política provincial da Renamo em Sofala confirmou, quando abordada pelo nosso Jornal ao princípio da tarde de ontem, que efectivamente está preparada toda a logística para a deslocação de Dhlakama a Maputo.
NOVOS ATAQUES
Entretanto, o chefe do Departamento das Relações Públicas, no Comando Provincial da Policia da República de Moçambique (PRM), em Sofala, Daniel Macuácua, confirmou ontem que homens armados da Renamo efectuaram na manhã de quinta-feira dois ataques a colunas militares em Gorongosa. Macuácua fez saber, no entanto, que os dois ataques não causaram quaisquer ferimentos nem danos nas viaturas alvejadas.
Há sensivelmente três semanas que não se registavam ataques nas regiões da província de Sofala.
Todavia, os ataques efectuados pela Renamo só no mês de Junho, nos distritos de Gorongosa e Chibabava, em Sofala, fizeram um total de sete mortos, conforme revelou o porta-voz policial.
O comandante da PRM em Sofala, António Pelembe, disse na última sessão do governo provincial que no mês passado foram feitos 29 ataques, sendo 24 emboscadas contra colunas de viaturas civis escoltadas pelas FDS no troço Muxúnguè-Save.
HORÁCIO JOÃO
NOTÍCIAS – 26.07.2014