A empresa fantasma criada por Guebuza
O mistério da empresa com contornos corruptos criada pelo Presidente da República Armando Guebuza com a conivência do ministro das Finanças Manuel Chang e do actual candidato do partido Frelimo às eleições presidenciais Filipe Nyusi começa a ter rostos.
Na terça-feira, ficou conhecido publicamente o presidente do Conselho da Administração da EMATUM (Empresa Moçambicana de Atum). Chama-se António Carlos do Rosário.
No término da assembleia-geral realizada ontem na cidade de Maputo, o PCA da EMATUM – empresa nebulosa que, mesmo antes de ter NUIT, foi avalizada positivamente pelo Estado moçambicano a um crédito internacional de 850 milhões de euros – recusou-se a tornar público os nomes dos restantes membros do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal,
A assembleia-geral tinha seis pontos de agenda, nomeadamente a apresentação e apreciação do Relatório de Contas do exercício findo em Dezembro de 2013; apreciação e deliberação do plano e orçamento para 2014; apresentação e aprovação da proposta de resultados; eleição dos membros do Conselho Fiscal para o exercício de 2014/2015; Apresentação e aprovação da proposta da comissão de remunerações para os órgãos sociais e outros assuntos de interesse da sociedade.
No final do encontro, que durou uma hora e meia, o presidente do Conselho de Administraçãoda EMATUM, António Carlos do Rosário, recusou responder à maior parte das perguntas colocadas pelos jornalistas, sobretudo acerca dos nomes dos membros do Conselho da Administração e do Conselho Fiscal, bem como acerca das remunerações dos membros dos órgãos sociais.
Apenas disse que a assembleia-geral decorreu como uma das práticas de boa governação que quer caracterizar a empresa. Esqueceu-se que a boa governação funda-se na transparência, coisa que mais falta na EMATUM. Acrescentou que o encontro decorreu num ambiente bom e a escassos dias da chegada a Maputo da primeira frota de cinco barcos dos 30 previstos.
Os famosos e milionários barcos
Segundo O PCA da EMATUM, a chegada dos primeiros cinco barcos está prevista para 13 de Agosto próximo, caso a situação climatérica não venha a dificultar a navegabilidade das embarcações, que já partiram da França, estando neste momento no mar.
O PCA da EMATUM, António Carlos do Rosário, negou entrar em pormenores sobre os dados do relatório e sobre o orçamento para 2014. “Não podemos publicar os dados, mas interessa dizer que já foram aprovados”, disse.
Sobre os resultados, Rosário reconheceu que não são positivos.
“Os resultados não são ainda positivos, porque ainda não operamos”, acrescentou António Carlos do Rosário.
O primeiro lote de cinco barcos poderá chegar ao país na primeira metade de Agosto, seguido do segundo lote de 10 embarcações, em Dezembro deste ano, e os restantes 15 no primeiro semestre de 2015.
A EMATUM, segundo o seu PCA, prevê a captura de 10 mil toneladas de pescado (atum) por ano, nas águas moçambicanas e nas águas dos países que fazem parte da Organização do Oceano Índico, sobretudo nos locais onde há peixe.
No total, a EMATUM prevê uma mão-de-obra permanente de mais de 300 trabalhadores, entre os quais marinheiros, pessoal administrativo, gestores e técnicos de manutenção. Tem como alvo os mercados interno e externo. (Bernardo Álvaro)
CANALMOZ – 30.07.2014