A empresa Aquapesca, vocacionada na produção, engorda e processamento de mariscos em cativeiro no país, acaba de abrir uma nova linha de criação de amêijoa no seu laboratório na cidade de Nacala-Porto, mais concretamente na região litoral de Naherengue, que funciona desde 2008 naquele ponto da província de Nampula.
Em entrevista à nossa reportagem, o técnico do laboratório da Aquapesca, Sidónio Juda Chan, refere que, com a abertura desta nova linha de produção de amêijoa em cativeiro, a empresa passou a trabalhar com quatro espécies, nomeadamente o Camarão Tigre, Ostra Giga e peixe Tilápia, num investimento de pouco mais de 40 milhões de euros.
Presentemente, é a primeira empresa a produzir, a nível mundial, sementes de amêijoa, cientificamente denominadas meretrix-meretrix, devido à demanda deste produto no mercado, depois de a Aquapesca ter-se visto forçada a parar com a produção de larvas de camarão da espécie Penaeus monodon (o dito gigante), por algum período devido ao surgimento do vírus de mancha branca que afectou toda a zona costeira do nosso país onde se processava o pescado deste tipo de marisco.
De acordo com Sidónio Chan, com o aparecimento deste vírus de mancha branca, as actividades da empresa ficaram seriamente afectadas, obrigando a abraçar outros projectos que se afiguraram exequíveis, como a produção da Tilápia, da amêijoa e Ostra.
Em relação à produção do camarão gigante, vamos continuar a produzi-lo, mas na perspectiva de melhora-lo geneticamente com a produção de larvas para que seja resistente e supere o vírus da mancha branca que existe nas águas nacionais, para além da mudança da produção e engorda na nossa farma em Quelimane, explicou Chan.
Falando concretamente da produção em laboratório de Amêijoa meretrixmeretrix, que ocorre pela primeira vez a nível mundial, de acordo com Sidónio Juda Chan, foi possível exportar no ano passado para o mercado japonês pouco mais de 25 toneladas deste tipo de marisco produzidos num ambiente de cativeiro.
Para este ano, segundo a nossa fonte, a empresa tem como meta exportar para aquele mercado asiático pouco mais de 100 toneladas de miolos de amêijoa, trabalho que envolve perto de 300 pescadores artesanais nas regiões de Quelimane e Beira.
Este programa de produção de sementes de amêijoa que introduzimos nas nossas actividades, tem em vista suprir a demanda deste produto de forma a repô-lo no seu habitat, mais concretamente no rio dos Bons Sinais, em Quelimane e na zona da Praia Nova, na Beira, contando com a participação dos pescadores artesanais locais, referiu o técnico da“maternidade” da Aquapesca em Nacala.
Sobre a implementação do processo de engorda de ostras, outro marisco que a Aquapesca se propôs produzir em cativeiro, o nosso entrevistado disse estar projectado que envolva os pequenos pescadores de Quissimajulo, em Nacala-Porto, onde irão receber este produto que já não se pode reproduzir no ambiente natural com vista a impedir a invasão de espécies exóticas.
A produção da Aquapesca tem mercado garantido, sendo o camarão e ostra exportados para Europa, a amêijoa para o Japão, enquanto o peixe Tilápia destinado ao consumo interno.
WAMPHULA FAX – 25.07.2014