Fica com os camaradas, pois claro!
- A CNE diz ter seleccionado definitivamente a Académica e a Escopil tendo em conta as especificidades do produto e ainda experiência dos vencedores
Tal como se esperava, a Comissão Nacional de Eleições (CNE), reunida em mais uma sessão de trabalho, esta terça-feira, decidiu adjudicar o concurso de fornecimento de materiais eleitorais que serão usados na votação presidencial, legislativa e para as assembleias provinciais de 15 de Outubro a grupos empresariais ligados a membros seniores do partido no poder, a Frelimo.
No global, são 410 milhões de Meticais e não 250 milhões como tínhamos feito referência na edição da sexta-feira passada.
Na verdade, os 250 milhões de Meticais eram o valor de licitação, mas a CNE “esticou” as margens até 410 milhões de Meticais tendo em conta os valores propostos pelos concorrentes. Ou seja, a CNE vai pagar pouco menos do dobro previsto no concurso público.
As empresas dos camaradas que ganharam o concurso são a Académica, onde pontifica Rafik Sidat (membro do Comité Central da Frelimo) e a Escolpil, de José António Chichava (deputado da Frelimo e antigo Ministro da Administração Estatal).
Segundo resultados do concurso, a Académica fica com o lote I, no valor de 312 milhões de Meticais, enquanto a Escopil foi anunciada como vencedora dos lotes II e III, no valor de 69 e 29 milhões de Meticais, respectivamente.
Segundo se sabe, o lote I corresponde a produção de material de votação para as presidenciais e legislativas, ou seja, é o lote que corresponde a produção de cadernos eleitorais, boletins de voto, tinta indelével, dístico de apresentação de mesa de voto e urnas para a votação presidencial e para a eleição de deputados da Assembleia da República. Já o lote II corresponde a produção de material de votação para as assembleias provinciais e, finalmente o lote III corresponde à produção e fornecimento de material para o processo de formação.
Critérios segundo a CNE
De acordo com fonte da CNE, para a selecção dos vencedores, os órgãos eleitores usaram um critério conjugado, ou seja, melhor preço, capacidade e qualidade dos materiais a serem fornecidos e ainda as especificidades técnicas, incluindo questões de segurança e experiência de trabalho. O melhor preço tinha um peso especifico de 10 por cento, a qualidade um peso de 20 por cento e, por fim, as especificidades técnicas, segurança e experiência, um peso de 70 por cento.
No sentido de averiguar os produtos concretos e tendo em conta que os concorrentes trabalham em parcerias com empresas gráficas sul-africanas, uma missão da CNE deslocou-se à terra do rand onde in loco viu a qualidade dos produtos e decidiu a favor da Académica e Escopil.
A Académica tem como parceira sul-africana a Uniprint e a Ecopil trabalha com a Parlmedia.
Em relação aos conflitos de interesse que entram em jogo tendo em conta que os produtores e fornecedores dos materiais de votação são parte interessada no processo, a CNE diz que desta vez não houve como acautela resta situação.
Entretanto, assegura que estas questões serão acauteladas nos próximos eventos eleitorais, onde os termos de referência serão claros para evitar a ocorrência de conflitos de interesse.
(F.M.)
MEDIA FAX – 24.07.2014