O encontro de hoje deve ser transformado num mecanismo de diálogo que possibilite a reconciliação nacional
Raúl Domingos, um dos principais intervenientes do processo que resultou no Acordo Geral de Paz, falou, em entrevista ao “O País”, das suas expectativas sobre a ronda de diálogo político desta segunda-feira, entre o Governo e a Renamo.
O presidente do PDD disse estar à espera que as partes cheguem, finalmente, a um entendimento, porque “todo o conflito tem as suas motivações, mas também as suas soluções”.
De acordo com Domingos, o encontro de hoje deve ser transformado num mecanismo de diálogo como prática constante e que possibilite a reconciliação nacional, o que não aconteceu nestes 20 anos.
“É preciso que as pessoas envolvidas no processo levem em conta que é preciso trabalhar com a cultura do diálogo, porque o povo é o primeiro a reconciliar-se e será o primeiro a valorizar a paz”, disse Raúl Domingos.
Para o antigo número dois da Renamo, os moçambicanos já sofreram bastante com a actual tensão político-militar. Por isso, o governo e a Renamo devem buscar um acordo sem pensar em vencedores nem em vencidos.
Questionado sobre a credibilidade de Dhlakama, depois de ter ameaçado “incendiar e dividir o país”, Domingos disse que o presidente da Renamo, durante 20 anos, deu mostras de que “gosta e quer a paz para os moçambicanos”, pelo que os seus discursos devem ser vistos em função de cada momento político.
O PAÍS – 28.07.2014