O Parque Nacional das Quirimbas, na província de Cabo Delgado, regista um recrudescimento da caça furtiva, acção que é perpetrada por nacionais e estrangeiros que, de forma ilegal, buscam pontas de marfim e madeira de boa qualidade no interior daquela área de conservação.
O facto foi revelado na semana passada, em Pemba, pelo administrador daquela área de conservação, Baldeu Araque Chande, no decorrer dos trabalhos do IV Conselho Coordenador Provincial do Turismo. Na ocasião, referiu que os furtivos, depois de abaterem os animais, nomeadamente os elefantes, abandonam-nas na mata, o mesmo que acontece com os toros de madeira.
Conforme assinalou, o impacto daquelas acções é devera pernicioso, havendo casos de uso de produtos tóxicos para a imobilização das presas, facto que, de acordo com Baldeu Chande, é agravado pelas dificuldades com que o parque se debate para o combate à caça furtiva.
“O Parque Nacional das Quirimbas, concretamente o Departamento de Fiscalização, dispõe de três viaturas a todo-o-terreno, sete motas de marca Xintian avariadas e sistema de comunicação também actualmente avariado”, disse o administrador daquela área de conservação o qual apontou que, a agravar a situação está o facto de uma fraca colaboração das comunidades locais na denúncia dos furtivos que se abrigam nas aldeias.
Actualmente o Parque Nacional das Quirimbas conta com 84 fiscais ajuramentados, dos quais oito são militares distribuídos pelos quatro blocos e na sede.
No entanto, a despeito das dificuldades com que se deparam em termos de meios e equipamentos de trabalho conseguiram, no decurso deste ano, apreender das mãos dos furtivos, uma arma de fogo, 42 munições para armas do tipo AKM, dois tractores, 870 armadilhas e cabo de aço, uma motosserra e sete viaturas/embarcações, segundo explicou Baldeu Chande.
Estes resultados, conforme referiu, vêm de acções de fiscalização conjunta envolvendo fiscais do parque, líderes comunitários e Forças de Defesa e Segurança, sobretudo na identificação dos supostos violadores da lei. A propósito, o administrador do Parque Nacional das Quirimbas disse que dos 13 casos de caça furtiva registados, seis dos seus infractores foram encaminhados ao tribunal a fim de responderem em processo-crime sobre os actos voluntariamente cometidos, igual número foram tratados administrativamente e o sétimo terá sido inviabilizado por um membro da Polícia da República de Moçambique (PRM), no distrito de Meluco.
“Infelizmente nenhum dos casos levados ao tribunal foi julgado e todos os furtivos neutralizados encontram-se em liberdade”, lamentou o administrador do Parque Nacional das Quirimbas.
Em contrapartida, os dados referentes às consequências da caça furtiva desde 2012 até Agosto do presente ano, indicam 28 elefantes abatidos, 14 impalas, 11 gazelas, 26 porcos do mato, 33 cudos, quatro cabritos do mato e cinco pala-palas.
PEDRO NACUO
NOTÍCIAS – 30.08.2014