CERCA de 300 membros efectivos do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) em Nampula abandonaram ontem o partido liderado por Daviz Simango.
O facto foi anunciado por Juma Valgy Molide, então chefe do gabinete de promoção da imagem do candidato presidencial do MDM na província de Nampula, numa conferência de imprensa em que se fazia acompanhar por outros antigos membros da cúpula do partido.
De acordo com este dirigente político, o divórcio entre as partes foi alegadamente precipitado por falta de transparência e democracia no seio do MDM, muito embora o partido diga guiar-se destes princípios no seu funcionamento.
Juma Valgy Molide disse em nome dos restantes correligionários que decidiram renunciar a militância no MDM ao constatarem que o exercício da democracia neste partido é uma falácia, e por falta de respeito aos princípios que orientam a realização de eleições internas para a escolha dos candidatos a membros das assembleias provinciais e a deputados da Assembleia da República.
Segundo o político, a não observância dos referidos procedimentos tinha essencialmente em vista permitir a indicação de candidatos àquelas funções, incluindo os respectivos cabeças-de-lista não residentes na província de Nampula.
Segundo a nossa Reportagem, na lista definitiva relativa à composição dos candidatos pelo círculo eleitoral de Nampula que o MDM enviou para os órgãos eleitorais, cuja cópia Juma Valgy Molide entregou ontem à imprensa, está patente que os concorrentes deste partido a membros da Assembleia Provincial e a deputados da Assembleia da República residem, na sua maioria, na província de Sofala.
Os dissidentes do MDM em Nampula disseram ainda estar claro que “nós os membros e simpatizantes deste partido estamos a ser manipulados para servir os interesses de Daviz Simango, dos seus parentes e amigos, e, como já abrimos os olhos (…), afirmamos que estamos cansados de aldrabices, tribalismo, nepotismo e todos os “ismos” que se conhecem e por essa razão estamos de saída do MDM”, disse Juma Valgy Molide, recordando que na campanha eleitoral para as últimas eleições autárquicas “a nossa contribuição foi bastante valiosa para que o partido saísse vencedor em Nampula”.
Na conferência de imprensa convocada para o anúncio da sua renúncia do MDM os dissidentes sublinharam que o que se assiste neste momento naquele partido é um esforço para que “Moçambique seja para a Beira” contrariando o seu slogan do partido de um “Moçambique Para Todos”.
MDM REAGE
Entretanto, o delegado político local do MDM, Rachade Carvalho, o único cujo nome figura entre os dez primeiros lugares da lista a candidatos a deputado da AR pelo círculo eleitoral de Nampula, reagiu ao anúncio das significativas deserções no seu partido, alegando que “o nosso partido é inclusivo e por essa razão não realizamos eleições internas mas indicamos os membros que julgamos ter capacidade para exercer o cargo para o qual estamos a propor”.
Alegou que o MDM “não depende de algumas centenas de membros para sobreviver”, acusando Juma Valgy Molide de ambicioso, “cuja indicação para as funções que vinha exercendo no partido foi um erro da Direcção do partido”.
Informações em poder da nossa Reportagem indicam, porém, que a contestação ao MDM em Nampula não é apenas marcada pela deserção dos mais de 300 membros.
Militantes do partido que alegadamente teriam recebido promessas de afectação nos diferentes serviços municipais após a vitória do MDM e do seu candidato Mahamudo Amurane nas recentes eleições autárquicas estão de costas voltadas com a edilidade. Eles exigem compensações pelo trabalho de limpeza realizado nos últimos quatro meses nas ruas da cidade.
De salientar que Mário Albino Muquissince, actual presidente da Associação para Educação Moral e Cívica na Exploração dos Recursos Naturais em Nampula (ASSEMONA), e Filomena Mutoropa, delegada do Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO), são dissidentes do MDM naquela província, facto precipitado por desentendimentos que caracterizaram aquela formação política igualmente em período eleitoral, neste caso referente ao sufrágio autárquico.
NOTÍCIAS – 01.08.2014