CERCA de mil militantes que renunciaram às fileiras do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), nos distritos de Angoche e Nampula-Rapale, filiaram-se esta semana ao Partido Frelimo, constatou a nossa Reportagem na província.
No acto da entrega dos respectivos cartões de membros e bandeiras do MDM que mantinham em sua posse os ex-membros do partido do “galo” alegaram que a sua decisão se deve ao facto de terem constatado que o seu líder, Daviz Simango, apenas procura usar o voto do eleitorado de Nampula para satisfazer interesses pessoais.
O MDM está a enfrentar uma grave crise política de há um mês a esta parte em Nampula, a qual se caracteriza pelo abandono de membros e simpatizantes das suas fileiras.
A maior “fuga” registou-se na segunda-feira, no distrito de Nampula-Rapale, onde um total de 886 membros renunciou para se juntar ao partido no poder.
No acto de entrega dos respectivos cartões de membros e bandeiras do MDM Lucas Eusébio, então delegado político do MDM na localidade de Naburi, posto administrativo de Anchilo, disse que “Daviz Simango confunde o mapa de Moçambique com a província de Sofala, ao garantir no slogan do seu partido um Moçambique para todos, excluindo, porém, na prática, “algumas comunidades de se fazerem representar nos órgãos de decisão”, acusou.
Questionado sobre como teria influenciado mais de oitocentas pessoas para abandonarem as fileiras do MDM na sua região, Lucas Eusébio disse que “elas já vinham questionando o que estavam a fazer num partido que não apresenta uma alternativa de solução relativamente às inquietações das comunidades. Por outro lado, sugeriam que voltássemos ao Partido Frelimo que, apesar das dificuldades, conduz o país em direcção ao desenvolvimento”.
Ainda ontem o MDM viu partir cerca de 160 membros e simpatizantes seus para integrar as fileiras da Frelimo no posto administrativo de Aube, distrito de Angoche. O antigo delegado político do partido de Daviz Simango naquela região, Morais Licolau, justificou a sua decisão e dos seus colegas com o alegado facto de não existir um ambiente favorável para fazer política no partido.
“Falta imaginação no seio da cúpula provincial do MDM e até ao momento não sabemos quem vai efectivamente integrar por parte deste partido os órgãos de decisão das assembleias da República e Provincial em representação de Nampula, porque tudo o que sabemos em torno dos candidatos a titulares daqueles orgãos é por via de fofoca”, lamentou o político, salientando que regressa à Frelimo, que pretende ajudar a vencer o pleito de 15 de Outubro, porque “lá existe organização e tarefas concretas para cada membro”.
A nossa Reportagem em Nampula deslocou-se à sede do MDM, em Aube, e no local conversou com Mathano Amisse, que interinamente assume as funções de delegado político.
Amisse confirmou a renúncia de cerca de 160 militantes do partido e acusou a Frelimo em Angoche de estar a aliciar os membros da oposição para ingressarem nas suas fileiras com promessas de bens materiais.
Esta alegação é refutada por Fernando Jacinto, primeiro-secretário do Comité de Zona da Frelimo em Aube, que justifica a recepção de novos membros no seu partido como fruto da maturidade que as comunidades atingiram, o que lhes permite diferenciar o bem do mal.
“Estamos a trabalhar como sempre, respeitando os cidadãos e mobilizando-os para o trabalho positivo que realizamos em conjunto, do qual colhemos bons resultados a todos níveis”, rematou Fernando Jacinto.
NOTÍCIAS – 29.08.2014