O parque Nacional da Gorongosa é um dos lugares de maior biodiversidade da Terra, e apesar disso sabemos muito pouco sobre a grande maioria das suas espécies.
Estamos a realizar um inventário, o mais completo possível de todas as formas de vida no ecossistema de Gorongosa, uma tarefa crítica para uma eficaz restauração e manutenção deste espaço único protegido. Este trabalho é o primeiro inventário taxonómico em grande escala, de um ecossistema complexo em África.
Um dos principais impulsionadores para a investigação sobre biodiversidade é o professor EO Wilson, que está a dedicar grande parte do seu trabalho actual à compreensão da rica biodiversidade do Parque Nacional da Gorongosa e a explicar ao público por que é que este lugar é ecologicamente único.
Em 2011, o professor Wilson liderou um “Bioblitz” na Serra de Gorongosa, com o apoio da população local, para começar a documentar a biodiversidade do parque.
O Projecto de Biodiversidade da Gorongosa serve como uma plataforma para criar um novo quadro de biólogos e ambientalistas Moçambicanos.
É também uma oportunidade para os cientistas de todo o mundo investigarem a diversidade e complexidade ecológica de uma das regiões deste continente que tem sido menos explorada do ponto de vista biológico.
Duas componentes importantes do projecto são a criação de um laboratório biológico de ponta para conduzir investigações de longo prazo no parque e da criação da primeira colecção sinóptica da flora e da fauna de um grande parque nacional da África Austral, que incluirá um código de barras genético para todas as suas diferentes espécies.
MONITORIA BÁSICA DO ECOSSISTEMA
Além de importantes estudos científicos, a equipa do Departamento de Serviços Científicos também está a monitorar os ecossistemas a longo prazo e em grande escala.
Os dados que estão a ser recolhidos constituem a base do conhecimento científico sobre a qual as nossas decisões sobre restauração e conservação serão feitas.
Este trabalho é fundamental para a Gorongosa, mas também irá fornecer dados de base no futuro para os cientistas e conservacionistas de todo o mundo que trabalhem para restaurar ecossistemas danificados.
A Gorongosa é uma espécie de laboratório vivo, onde cientistas interessados em “ecologia da restauração” podem testar ideias sobre como restaurar os lugares selvagens do mundo que estejam danificados. Esta ciência se tornará ainda mais importante para as gerações futuras, dado que a humanidade está a procurar corrigir alguns dos efeitos adversos da “pegada” humana.
EXEMPLOS DE MONITORIAS EM CURSO
Monitoria de Queimadas – O fogo é um componente vital para as nossas pradarias e florestas. Ele rejuvenesce a camada de capim e fornece uma recarga nutritiva para os herbívoros. Impede a invasão por espécies lenhosas. Devido à falta de um número suficiente de “grandes herbívoros” como as zebras e os búfalos, a Gorongosa tem mais fogos do que deveria. Estamos a monitorar a ocorrência de incêndios no espaço e no tempo e a estudar a interacção em detalhe entre o fogo, a vegetação e os animais.
Monitoria de Composição e Estrutura da Vegetação – Em 2010 foi estabelecido um número de parcelas permanentes de monitoria para acompanhar a composição, a estrutura e a produtividade da vegetação. Em 2011, expandimos este programa e já voltámos a inventariar algumas das parcelas originais.
Monitoria das Populações de Fauna Bravia – Temos vindo a monitorar as populações de animais selvagens no parque regularmente desde 2007 por meio de levantamentos aéreos para controlar as alterações ao longo do tempo e para medir o impacto dos nossos esforços de conservação. Estes levantamentos aéreos também são complementados com levantamentos ao nível do solo, inventários nocturnos, e inventários específicos para grupos de espécies, tais como as aves e os anfíbios.
NOTÍCIAS – 27.08.2014