Dois cidadãos de nacionalidades moçambicana, identificados pelos nomes de Cristiano Ambrósio e Remígio Estevão, de 26 e 34 anos de idade, foram detidos na manhã desta terça-feira (23) pela Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula, após ter sido surpreendidos na posse de 26 pontas de marfim. Três pessoas, das quais duas de origem vietnamita, indiciados do mesmo caso, fugiram. A caça ilegal de elefantes, para extracção de marfim, atingiu níveis alarmantes em Moçambique. Segundo a Sociedade de Conservação da Vida Selvagem por ano tem sido abatidos entre 1500 a 1800 paquidermes para alimentar a demanda por marfim contrabandeado preferencialmente para países da Ásia Oriental.
Os supostos caçadores ilegais de elefantes vivem na Rua das Flores, arredores da cidade de Nampula, numa casa arrendada.
A sua descoberta e detenção foi possível graças a uma denuncia dos vizinhos do dono da habitação em causa, os quais ao se aperceberam da presença de uma viatura com a matrícula ADT-109 MP, transportando um produto que exalava um cheiro asqueroso, não se fizeram de rogados e accionaram a Polícia.
É que se tratava de marfim roubado algures e que estava para ser descarregado na referida casa. O proprietário da residência foi alertado pelos contíguos de que os seus inquilinos estavam a descarregar tal produto cuja posse é deveras inibida em Moçambique devido ao abate desenfreado de elefantes e rinocerontes.
Dois integrantes da quadrilha foram presos e estão a ver o sol aos quadradinhos. Um deles disse ao @Verdade que ele e o seu companheiro foram convidados pelo grupo ora foragido para descarregar a “mercadoria”; por isso, negam qualquer envolvimento com a rede de criminosos que se dedica à caça ilegal de paquidermes ou venda de marfim.
Por sua vez, o proprietário da casa, que não quis ser identificado, disse que ficou surpreendido ao receber a notícia de que os seus inquilinos transportavam cadáveres numa viatura. Assustado com tal situação, ele chamou a Polícia e descobriu-se que não se tratava de corpos, mas, sim, de marfim.
Por seu turno, Miguel Bartolomeu, porta-voz do Comando Provincial da PRM em Nampula, disse que diligências estão a ser levadas a cabo para se neutralizar os cidadãos que estão desaparecidos.
Nem a nova Lei das áreas de conservação, aprovada em Abril pelo Parlamento, e que pune com pena de prisão de 12 anos e uma multa de cerca de 90 mil dólares, parece refrear os ânimos dos caçadores ilegais de espécies em perigo de extinção que só nas primeiras duas semanas do corrente mês de Setembro abateram 22 elefantes na Reserva do Niassa, no norte de Moçambique.
Segundo a Sociedade de Conservação da Vida Selvagem se o abate ilegal se mantiver a este ritmo numa década os elefantes poderão estar extintos no nosso país, dos 50 mil elefantes que existiam nos anos de 1970 restam apenas 19.600.
@VERDADE – 23.09.2014