A Ilha de Moçambique completa hoje 196 anos desde que foi elevada à categoria de cidade e as aspirações dos munícipes e do governo local consistem na materialização dos esforços conjuntos em curso neste momento, com vista a resgatar a originalidade da cultura local num horizonte de quatro anos, que vai coincidir com os festejos do ducentésimo aniversário da urbe mais antiga do país.
O conhecimento sobre a gestão cultural na Ilha de Moçambique era praticamente inexistente há cerca de uma década, mas hoje já temos técnicos com formação superior capacitados para liderar o processo de valorização da nossa cultura, trabalho que tem suporte de cidadãos que, embora nunca tenham sentado num banco de escola, mantêm vivos os conhecimentos sobre a matéria adquiridos em vários anos de experiência – disse ànossa reportagem, Hafiz Jamu, líder deuma confraria de referência na Ilha deMoçambique, sublinhando que a economiada cidade tem na cultura uma fonteinesgotável.
Na sua óptica o que falta neste momento são recursos financeiros e materiais para concretizar algumas ideias para garantir o reforço dos mecanismos de gestão cultural visando transformar a nossa cultura numa fonte de captação de receitas e afectação dos cidadãos em varias frentes de trabalho.
Felisberto Jorge, conhecido por Aranha nos meandros do teatro na Ilha de Moçambique e na província de Nampula, foi mais específico na sua abordagem concernente aos esforços destinados à reconquista da originalidade dos valores culturais perdidos, sobretudo nos anos em que os moçambicanos se confrontavam de armas em punho.
Recordo que, há uma década, a indumentária da Ilha de Moçambique, que foi vítima de forte influência da civilização asiática, estava a ser adulterada e tornava-se cada vez mais difícil ver um vestido do modelo quimão ser usado porque as modistas ou alfaiates tentavam sem sucesso misturar modelos ocidentais - disse Aranha.
O modelo das construções constitui um valor arquitectónico peculiar da Ilha, que, na óptica dos nossos entrevistados, assistiu, em determinado momento, ao desaparecimento das paredes edificadas à base de pedra e cal.
Com efeito, os festejos da cidade alusivos a mais um aniversário da sua elevação à actual categoria deve ser um momento de alegria, aliada à partilha do conhecimento sobre a cultura e mecanismos para valorização em beneficio dos munícipes que não devem esperar um emprego do investidor porque somos todos investidores, o que nos falta é partilhar as experiências para tornar a cultura no nosso hidrocarboneto - vincou Hafiz Jamú, presidenteda Fundação Ilha de Moçambique,organização que aglomera a sociedadecivil interessada com o bem daquelacidade.
VAI FUNCIONAR UM BATELÃO AINDA ESTE ANO PARA ALIVIAR A PRESSÃO SOBRE A PONTE
A ponte construída no período colonial para permitir a travessia de peões e veículos da Ilha de Moçambique para o continente e vice-versa sofreu duas intervenções visando a sua manutenção e conservação. Foram gastos cerca de cento e cinquenta milhões de meticais para custear os trabalhos das duas intervenções, mas a edilidade local entende que a pressão sobre a mesma é, ainda, enorme e constitui um perigo para aquele valor patrimonial histórico.
Saíde Abdurremane Gimba, edil da Ilha de Moçambique, revelou-nos que a edilidade acaba de concluir os procedimentos burocráticos visando o lançamento do concurso para aquisição de um batelão.
A Ilha de Moçambique está em reconstrução das suas infraestruturas socioeconómicas e, sobretudo, culturais que desejamos esteja concluída antes dos festejos dos 200 anos da cidade. Para tal vamos precisar de muito material como pedra, cal, ferro e, sobretudo, madeira denominada mecrusse usada na construção dos imóveis da Ilha e que são muito pesados, sendo necessário uma embarcação como o batelão para que possam chegar em condições seguras sem implicar danos para a ponte, explicou Gimba,acrescentando que se prevê que olançamento do batelão tenha lugar aindano decorrer do ano em curso.
O fluxo de turistas na cidade turística da Ilha de Moçambique tem vindo a registar índices de evolução significativa que acompanha o ritmo da restauração do seu espólio cultural tangível e intangível. No contexto dos esforços, visando melhorar cada vez mais a qualidade do serviço prestado aos turistas e, sobretudo, ao nível bancário, o Banco Comercial e de Investimento BCI vai inaugurar amanhã uma caixa automática de pagamento, vulgo ATM.
Segundo Saíde Abdurremane Gimba, este acto marca o início de uma nova era de prestação de serviços da banca na Ilha que acompanha o aumento da oferta de produtos culturais de arte disponibilizados pelos artesãos locais de ambos sexos.
Ilha de Moçambique, que antes de 17 de Setembro de 1818 era designada por vila São Sebastião e, mais tarde, cidade da Ilha, antes dos colonos portugueses transferirem a sua administração para a então Lourenço Marques, actual cidade de Maputo, a capital do país.
WAMPHULAFAX – 17.09.2014
NOTA:
A todos os conterrâneos e amigos da Ilha de Moçambique os votos de felicidade plena. Com saúde e progresso.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE