ACABA de ser retomada a produção mineira no distrito do Ile, na província da Zambézia, depois de um mês de paralisação das actividades, na sequência de uma greve que envolveu mais de 2800 antigos trabalhadores da ex-empresa Minas Gerais de Moçambique (MAGMA).
Trata-se de uma empresa que vinha explorando os recursos mineiros naquele ponto da província da Zambézia depois da proclamação da independência nacional mas que, com o recrudescimento da guerra civil, acabou abandonando a actividade por falta de segurança dos seus técnicos e instalações que vieram a ser vandalizadas.
Apesar da retomada da produção mineira os trabalhadores afirmam que o braço-de-ferro entre si e o Governo da Zambézia continua se não houver resposta, com maior brevidade possível, às suas preocupações.
Depois de 20 anos de paralisação, com os 2800 trabalhadores abandonados à sua sorte, sem salários e indemnizações a que têm direito, uma nova empresa se interessou pelo jazigo. Trata-se da Higland Minning Corporation (HCM), que investiu na reabilitação da mina e outras infra-estruturas para relançar a produção mas não admitiu os antigos trabalhadores. Como forma de pressionar o Governo a resolver o seu problema, que perdura há 20 anos, aquele grupo de ex-trabalhadores da MAGMA organizou-se para encerrar os portões como forma de obrigar o Executivo Provincial a esclarecer o assunto.
Entretanto, o Governo Provincial da Zambézia acabou cedendo à pressão, tendo solicitado um encontro com os trabalhadores com vista a discutir as modalidades de regularização de seis meses de salários e indemnizações dos trabalhadores.
O governador Joaquim Veríssimo e os trabalhadores reuniram-se esta semana em Quelimane, longe da Imprensa. No entanto, a nossa Reportagem soube que o grupo de trabalhadores saiu mais frustrado do que entrou para o encontro, uma vez que não foram alcançados consensos. A nossa Reportagem soube apenas que o Governo reconhecia as reivindicações dos trabalhadores e aconselhou-os a optarem pela via do diálogo e não vandalização porque isso pode prejudicar a economia da província da Zambézia.
O presidente da comissão dos ex-trabalhadores de MAGMA, Fernando Inquiva, disse, quando abordado pela nossa Reportagem, que o objecto principal do diálogo não foi atingido, uma vez que o governador Joaquim Veríssimo ficou mais tempo a falar da responsabilidade social que a nova empresa terá de construir infra-estruturas sociais do que realmente aquilo que preocupa os manifestantes.
Dados em nosso poder indicam que até o ano de 2010 pelo menos 600 trabalhadores receberam as suas primeiras compensações, que variavam de dezassete mil e quinhentos a trinta mil meticais após várias negociações. Segundo Inquiva, a esperança dos trabalhadores era obter garantias do Executivo Provincial sobre quando reinicia o processo das indemnizações.
O presidente da comissão dos ex-trabalhadores da MAGMA afirmou que a greve está ainda na forja e só uma garantia escrita e assinada com o cunho do próprio governador pode amainar a situação. “A mina vai voltar a funcionar mas menos dias ou mais dias poderemos voltar à carga”, disse aquele representante dos trabalhadores.
Dados em nosso poder indicam que durante o ano passado a paralisação das actividades das empresas mineiras deixou perto de 400 trabalhadores no desemprego.
NOTÍCIAS – 26.09.2014