Apuramento eleitoral bastante viciado
Cerca de 39 Mesas de Voto, o correspondente a pelo menos 30.200 eleitores que votaram no passado dia 15 de Outubro, foram dadas como desaparecidas e com problemas de divergências de dados, nao tendo por isso sido processadas pela Comissão de Eleições da Cidade de Quelimane.
A cifra representa 20% do total das 180 mesas instaladas na cidade de Quelimane, ou seja, um quinto das mesas, e, consequentemente, dos eleitores que podem considerar como tendo votado, mas que “o voto deles não contou”.
A presidente da Comissão de Eleições de Quelimane, Rosa Camões Bombino, disse ao “Canalmoz” que qualquer reclamação que pode ser feita pelos partidos políticos apenas poderá ser levada em consideração pela Comissão Provincial de Eleições, para onde já foram encaminhados os dados referentes à cidade de Quelimane.
Os dois principais partidos da oposição, nomeadamente a Renamo e o MDM, que, na tarde de terça-feira, informaram ao “Canalmoz” que iriam submeter recursos, disseram que possuem em seu poder os 39 editais desaparecidos das mãos do STAE, mas que tanto a Comissão de Eleições como o STAE se recusavam a considerá-los.
Os dois partidos disseram igualmente que, nalguns casos, o STAE apresentou originais de editais que nao conferem com as cópias dos editais em poder daquelas formações politicas, de observadores e de outros partidos concorrentes.
Alguns membros da Comissão de Eleições de Quelimane, bem identificados, mas que falaram na condição de não serem identificados, denunciaram que, noutros casos, foram encontrados editais assinados por todos os membros das mesas, mas que não tinham preenchimento. Outros editais tinham a assinatura do presidente da mesa, que assinava em nome de todos os membros da mesa.
Omissão da verdade
O apuramento intermediário das recentes eleições gerais, anunciado na madrugada da passada segunda-feira pela Comissão de Eleições da Cidade de Quelimane, está ferido de graves irregularidades, reconhecidas pela própria Comissão e pelos partidos, depois de alertados, na terça-feira, pelo “Canalmoz”, de que os dados não conferiam.
Pelo menos editais com 30.200 eleitores que votaram não foram processados, porque desapareceram, e alguns tinham divergências de dados, estes últimos em número de 8 editais referentes à eleição para Presidente da República.
Durante a publicação dos resultados, a presidente da Comissão de Eleições da Cidade de Quelimane, Rosa Camões Bombino, deu a conhecer que não tinham sido processadas 13 mesas, por desaparecimento e divergências de dados. Na ocasião, aquele órgão eleitoral omitiu o número exacto das mesas não contabilizadas.
Na terça-feira, depois de se verificar atentamente os mapas, foi constatada a existência de muitas mesas não processadas. O “Canalmoz” interpelou a presidente da Comissão de Eleições, para juntos conferirem.
Da nova contagem ficou claro que não foram 13 mesas, como havia sido anunciado, mas sim 39 (20%) das mesas não processadas, das quais 8 para a eleição do Presidente da República, por divergências de dados, e 31 mesas por desaparecimento dos editais e actas, sendo 17 da eleição para a Assembleia da República e 14 para a Assembleia Provincial.
Enquanto isso, foram devolvidos os mapas do distrito de Namarrói, na província da Zambézia, por estes terem sido enviados à CPE da Zambézia sem acompanhamento dos cadernos, actas e editais.
Na cidade de Quelimane, para as eleições presidenciais, Afonso Dhlakama venceu, com 31.346 votos (48,86%). Filipe Nyusi obteve 24.132 (37,62%), e Daviz Simango obteve 8.665 (13,50%).
Nas legislativas, a Renamo obteve 22.674 (38,77%), a Frelimo obteve 20,862 (35,67%) e o MDM recebeu 14.390 (24,60%) dos votos expressamente válidos.
Foram inscritos 136.953 eleitores, votaram 63.536 (46,39%), e 72.990 (53,29%) abstiveram-se. Houve 2.551 em branco e 2.057 votos nulos.
Distrito do Ile
Dados referentes ao distrito do Ile indicam que o candidato Afonso Dhlakama obteve 25.439 votos, o correspondente a 57,4%, Filipe Nyusi obteve 16.298 (36,8%) e Daviz Simango obteve 2.222 votos (5%).
Para a Assembleia da República, a Renamo obteve 21.230 votos (51,7%), a Frelimo obteve 14.730 (35,8%) e o MDM obteve 2.564 (6%). No que se refere à Assembleia Provincial, a Renamo venceu, com 24.622 (58,5%). A Frelimo teve 14.730 votos (35%), e o MDM 2.108 (7,4%).
Distrito do Gúruè
Para a Assembleia da República, o partido Frelimo lidera, com 23.291 votos (49%), a Renamo tem 15.139 (31,85%) e o tem MDM (7.679 votos (16,6%). Para a Assembleia Provincial, o MDM obteve 8.706 votos (17%), a Renamo obteve 16.668 (33,9%) e a Frelimo obteve 24.988 votos (49,01%).
Comissão Provincial
A Comissão Provincial de Eleições iniciou o processamento da centralização de dados sem a presença dos delegados de candidatura dos partidos da oposição, segundo constatámos na própria Comissão. A nossa reportagem soube que esses foram colocados no armazém do STAE, onde estão a receber os dados dos distritos. Mas da CPE a resposta que tivemos foi que “eles não quiseram estar presentes”. Os partidos ficaram surpreendidos com o início do processamento e disseram que a informação que tiveram da CPE da Zambézia é que o processamento começaria depois da recepção de todos os dados da província. (Bernardo Álvaro)
CANALMOZ – 22.10.2014
NOTA:
Tudo indica que o STAE e CNE quiseram ser mais papistas que o papa. Será que a Frelimo, para ganhar, precisaria mesmo destes "favores"?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE