MARCO DO CORREIO por Machado da Graça
Olá Maria Luísa
Como estás tu, minha amiga? E o teu marido e as crianças? Do meu lado está tudo bem, felizmente.
Onde as coisas parecem não estar nada bem é no grupo de pessoas que estiveram envolvidas, e em alguns casos condenadas, no assassinato do meu colega e amigo Carlos Cardoso.
Em segurança, enquanto estiveram presas, vão sendo abatidas, uma a uma, depois de serem postas em liberdade.
Calhou agora a vez a Paulo “Dangerman”. Antes foram Vicente Ramaya e Ayob Satar.
Serão ajustes de contas, vinganças ou queima de arquivos?
Nini Satar que, muito provavelmente, faz parte da mesma lista de gente a abater, afirma que os assassinos são paquistaneses. E diz que tem escrito às autoridades a denunciar esse facto.
E não me custa a acreditar que os executores possam ser paquistaneses. Mas esses são apenas assassinos pagos para fazerem o trabalho sujo. Mas quem são os mandantes? Não são, decerto, paquistaneses, esses, porque as actividades que estão a levar a estes crimes ocorreram todas em Moçambique.
Outra coisa que me preocupa é a ligação entre personagens do mundo do crime e os políticos.
Circula por aí a informação de que o “Dangerman” era guarda-costas de Filipe Nyusi. E, a apoiar esta informação uma foto em que ele aparece por trás do candidato do partido Frelimo, numa posição que poderia ser a de um guarda-costas. De qualquer forma muito perto de Nyusi.
Diz-se também que ele foi, em tempos, guarda-costas de Nyimpine Chissano. E tudo isso me parece bastante perturbante. Será que políticos e familiares de políticos têm mesmo de escolher os seus guarda-costas entre personagens de alguma forma ligados ao mundo do crime? Será que entre ex-polícias ou ex-militares não há gente honesta que possa exercer esse tipo de funções?
Serei eu o único a não me sentir nada confortável por saber que o homem que tem grandes probabilidades de vir a ser o nosso próximo Chefe de Estado usa, para a sua segurança pessoal, um Paulo “Dangerman”?
Um beijo para ti do
CORREIO DA MANHÃ – 28.10.2014