O líder da Renamo, principal partido de oposição rejeitou que o Estatuto do Líder da Oposição vise acomodá-lo, defendendo que o mesmo foi desenhado para qualquer candidato que ficar em segundo lugar na eleição presidencial.
"Esse estatuto de líder da oposição não é para mim, pela primeira vez, está a ser desenhado para qualquer um que ficar em segundo lugar nas eleições presidenciais e legislativas", afirmou Afonso Dhlakama à sua chegada à Beira, capital da província de Sofala, onde inicia hoje uma visita ao centro do país.
O presidente da Renamo destacou que a atribuição do estatuto de líder da oposição não impedirá que mantenha a sua postura crítica em relação ao Governo.
"Com assessores, gabinete, carro pensam que posso esquecer o meu povo e ficar em Maputo acomodado, não é esse o Dhlakama, porque aqui na Beira e lá no norte, pensam que 'o nosso irmão (Afonso Dhlakama) vai ser comprado, vai ser líder da oposição', isto não é o Dhlakama", enfatizou o líder da Renamo.
O Estatuto do Líder da Oposição será um dos temas importantes da sessão extraordinária da Assembleia da República, que se inicia quarta-feira em Maputo.
O estatuto foi anunciado pelo chefe de Estado, Armando Guebuza, como parte do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, que assinou com Afonso Dhlakama, a 05 de Setembro, para acabar com meses de violência militar entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado no centro do país.
Em conferência de imprensa realizada na segunda-feira, o porta-voz da Renamo, António Muchanga, afirmou que a visita de Afonso Dhlakama ao centro do país visa para explicar à população a exigência de um Governo de gestão face à alegada fraude eleitoral, anunciou hoje o movimento.
Em conferência de imprensa realizada em Maputo, o porta-voz da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana),António Muchanga, disse que Afonso Dhlakama estará em Sofala, hoje e quarta-feira, Manica, quinta-feira e sexta-feira, e em Tete, entre sábado e domingo, para encontros com a população.
"Neste trabalho que vai fazer naquelas províncias, vai conversar com as populações explicando a posição da Renamo em relação à fraude eleitoral perpetrada pelos agentes do STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral). vai propor a sua iniciativa de forma a garantir que o país não seja governado por aqueles que roubaram votos ou aqueles que se beneficiaram de votos roubados", disse, na declaração que fez à imprensa.
De acordo com os resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, no poder) ganhou as eleições gerais com uma maioria absoluta de 55,97% no parlamento, e o seu candidato, Filipe Nyusi, venceu as presidenciais com 57,03%.
Os resultados ainda terão de ser validados pelo Conselho Constitucional (CC), para que o novo chefe de Estado, os novos deputados da Assembleia da República e os membros das assembleias provinciais tomem posse.
Lusa – 25.11.2014