Com carvão proveniente de Moatize
O primeiro comboio transportando carvão extraído na mina carbonífera de Moatize, na província de Tete, chegou, na noite da passada segunda-feira, ao terminal multiusuário de Nacala-a-Velha, em Nampula, numa operação experimental que foi realizada, com total secretismo, pelo operador do projecto Corredor Logístico Integrado do Norte (CLN) que engloba a Vale e a empresa Caminhos de Ferro de Moçambique.
Oficialmente e junto da empresa, não se sabem ao certo as quantidades de carvão que terão sido transportadas por este comboio que, segundo apuramos, saiu de Moatize na última sexta-feira, e também desconhecemos o número exacto de carruagens e locomotivas envolvidas na operação, mas informações a que o nosso jornal teve acesso indicam o envolvimento de duas locomotivas e dezasseis vagões.
Espera-se que, depois desta operação de transporte de carvão, sejam empreendidos os passos subsequentes do processo com a fase de experimentação de todo o equipamento instalado no terminal, até ao embarque para o navio, que se encontra ancorado no novo e segundo porto de águas profundas daquela zona.
De acordo com os dados divulgados, os comboios que irão assegurar o transporte de carvão entre Moatize e o terminal de carvão de Nacala-a-Velha, construído de raiz, deverão ter uma extensão aproximada de 1500 metros e serão compostos por mais de
120 vagões atrelados, simultaneamente, a quatro locomotivas.
As operações normais de escoamento de carvão para o terminal de Nacala-a-Velha, a partir da bacia carbonífera de Moatize, serão garantidas por pouco mais de 90 locomotivas, de acordo com informações anteriormente avançadas pelo Corredor Logístico do Norte (CLN).
As primeiras locomotivas Dash 9W do Projecto Corredor Nacala chegaram a Moçambique no início de Julho, através do navio BBC Xingang, numa operação que durou três dias.
E ostentam a marca da CLN – Corredor Logístico Integrado do Norte, futura operadora de carvão no Corredor de Nacala.
As locomotivas são as primeiras de um total de 93 que serão usadas na região. Têm, aproximadamente, 172 toneladas de peso, 23 metros de comprimento, 4.8 metros de altura e 4.000 HP de potência. A referida entrega proporciona a antecipação do treinamento das equipas de operação e manutenção das máquinas em alusão, de acordo com um comunicado de imprensa divulgado, na ocasião, pela Vale.
A linha de caminho-de-ferro será de acesso universal para todos os produtores de carvão mineral estabelecidos na província de Tete, de acordo com um memorando de entendimento assinado entre o governo de Moçambique e o consórcio promotor da obra de construção da linha férrea, estando, entretanto, em análise, neste momento, o modelo tarifário a ser aplicado.
Os accionistas CLN, a mineradora Vale e a estatal Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique e demais concessionários pretendem alcançar uma capacidade de transporte superior a 11 milhões de toneladas por ano até finais de 2015 e continuar a efectuar investimentos para atingir 13 milhões de toneladas em 2016 e chegar a 18 milhões de toneladas em 2017.
Esta linha, que entra em funcionamento numa fase experimental, deverá solucionar os constrangimentos que a Vale Moçambique enfrentava no escoamento de carvão.
O projecto de desenvolvimento do porto de Nacala-a-Velha e da linha férrea Moatize- Nacala, que a Sociedade de Desenvolvimento do Corredor do Norte explora e que é detido pela Vale Moçambique com 80 por cento e pela Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique com os restantes 20, representa um investimento de cerca de 4,5 mil milhões de dólares.
WAMPHULA FAX – 27.11.2014