Considerado Patrimônio Mundial, o Parque Nacional Virunga é o mais antigo parque nacional de África. Importante por acolher uma rica biodiversidade, o local está ameaçado pelas recentes descobertas energéticas no leste do continente. Essa procura por petróleo pode arruinar as comunidades locais e a vida selvagem da região.
A companhia petrolífera Soco International é a responsável pelas recentes operações de petróleo em Virunga e, apesar de se comprometer com o fim da exploração, ambientalistas têm procurado acompanhar de perto o desenrolar deste caso. Uma das organizações que tem feito campanha neste sentido é a WWF.
“Precisamos que o governo da República Democrática do Congo cancele todas as licenças de exploração de petróleo, como solicitado pela Unesco, para que inicie o desenvolvimento sustentável”, afirma a ONG ambiental WWF.
Entre os raros animais que podem ser encontrados no local está o gorila das montanhas, criticamente ameaçado de extinção. Há também um grande número de aves únicas e animais selvagens, como leões, elefantes, hipopótamos, chimpanzés, ocapi.
Localizado no parque, o lago Edward - em que supostamente está o petróleo -, integra as nascentes do Nilo. Isso significa que um vazamento de petróleo pode contaminar a água de milhões de pessoas. Segundo o WWF, mais de 50 mil famílias dependem deste lago para trabalhar, conseguir alimentos e água potável. Um relatório independente, encomendado pela organização, mostra que o parque poderia gerar mais de 400 milhões de dólares anuais por meio de actividades como o ecoturismo e a pesca.
Ainda assim, a questão económica é o principal argumento da empresa e dos governos africanos que apoiam a exploração da região. “Mas o ‘desenvolvimento económico’ é mais do que um simples jargão da moda por aqui. As pessoas da República Democrática do Congo, da Tanzania, do norte do Quénia, do Uganda e de Moçambique – lugares onde houve recentes descobertas de gás e petróleo – estão entre as mais pobres do mundo”, salienta uma reportagem do New York Times.
A mesma publicação relata as constantes ameaças que tem sofrido o director do Virunga, Emmanuel de Merode. Em abril deste ano ele entregou um relatório confidencial a promotores públicos sobre as actividades ilegais e quando retornava para casa uma surpresa inesperada: foi baleado por homens fardados que estavam escondidos em arbustos. Felizmente sobreviveu.
O presidente da petrolífera, Rui de Sousa, afirmou na assembleia anual da Soco que a empresa não tinha se retirado do parque. Ao que parece, esse impasse está longe de chegar ao fim.
RM – 30.11.2014