O suposto empreiteiro queria entrar numa zona onde existem comandos da Renamo, usando o pretexto de construir uma ponteca, e foi impedido e expulso, por não ter conseguido dar explicações plausíveis aos homens da Renamo
A Renamo acusou o Governo de estar a fazer “movimentações estranhas” na Gorongosa, com vista a apurar as posições militares daquele partido. Segundo a Renamo, a última tentativa foi o envio de um alegado empreiteiro ao interior de Gorongosa, com o objectivo de construir uma ponteca. O tal empreiteiro não conseguiu explicar aos homens da Renamo, na Gorongosa, onde ganhou o concurso e quem foi que lançou o referido concurso. Resultado: foi expulso do local e acusado de ser espião.
O chefe da delegação da Renamo, o deputado Saimone Macuiana, disse que isso faz parte da “manobra do Governo”. Macuiana explicou que “não faz sentido que numa zona que, desde 1979, nunca registou construções, hoje apareça alguém a dizer que quer ir construir uma ponteca na montanha da Gorongosa”.
Disse que a Renamo estranhou o objectivo claro “desse empreiteiro numa zona de conflito cuja supervisão ou entrada compete à EMOCHM e aos supervisores do Governo e da Renamo, e hoje aparece alguém sozinho a dizer que quer construir uma ponteca”.
Saimone Macuiana disse que esse alguém, numa alusão ao Governo, tem objectivos obscuros e inconfessáveis ao procurar ter acesso à serra da Gorongosa. “Alguma coisa estranha está sendo preparada”, disse Macuiana, à saída da 86.a ronda de negociações na segunda-feira.
Por seu turno, o chefe da delegação negocial do Governo, José Pacheco, confirmou a expulsão do tal empreiteiro, mas também não explicou quem é e que lhe adjudicou a obra. “Empreiteiros e cidadãos foram impedidos de entrar na Gorongosa, província de Sofala, por um posto de controlo montado pelos homens da Renamo”. Pacheco disse que isso constitui uma violação que está por esclarecer, através de um trabalho de supervisão e avaliação.
Entretanto, na reunião de ontem, as partes apreciaram o relatório dos peritos militares. Ainda nesta ronda, as partes discutiram sobre os métodos de enquadramento e integração dos homens da Renamo, com este partido a insistir na partilha de responsabilidades nas Forças Armadas e na Polícia.
Concordaram em que a EMOCHM deverá deslocar-se pelo menos uma vez por mês para missões de supervisão nas zonas onde houve conflito. (Bernardo Álvaro)
CANALMOZ – 25.11.2014