Deslocação à antiga base de Dhlakama e movimentação de espiões
Renamo acusa Governo de violação do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, de espionagem e de movimentação de tropas nas zonas de conflito em Tete, Manica, Sofala e Zambézia.
A Renamo acaba de meter formalmente uma queixa-crime contra o vice-ministro do Interior, José Mandra, e contra o Governo moçambicano, por indiciação de violação do Acordo de Cessação das Hostilidades nas zonas consideradas até então em conflito.
Segundo apurou o “Canalmoz” de fontes próximas do processo, uma delegação da Renamo estará presente, na manhã de hoje, quarta-feira, na Procuradoria-Geral da República, onde, em princípio, deverá ser recebida e ouvida pela procuradora Beatriz Buchili, a fim de fundamentar as suas alegações de que o Governo está a violar o Acordo através de envio de mais tropas e missões de espionagem para as regiões em conflito das províncias de Sofala, Manica, Tete e Zambézia.
Ainda hoje, depois de ir à PRG, a Renamo deverá deslocar-se à Delegação da União Europeia em Maputo, para denunciar “as manobras dilatórias e de espionagem do Governo”. Na terça-feira, 25 de Novembro, a mesma delegação esteve reunida com a representação das Nações Unidas, onde denunciou esta alegada má atitude do executivo, esperando-se que, nos próximos dias, se reúnam com a Equipa de Militares de Observação da Cessação das Hostilidades Militares (EMOCHM), dirigida pelo brigadeiro Tseretse Therego.
Esta semana, a Renamo expulsou um suposto espião do Governo, que estava camuflado de empreiteiro, pretendendo entrar em áreas onde estão comandos da Renamo, na serra da Gorongosa e em Vunduzi.
O partido de Afonso Dhlakama suspeita que o Governo esteja em missões de reconhecimento para planear ataques militares, e que essa é a razão pela qual o Governo vem reforçando os efectivos das suas tropas, cuja prontidão combativa já foi anunciada recentemente pelo vice-ministro do Interior, José Mandra, na sua deslocação àquelas regiões.
A Renamo acusa o Governo da Frelimo, na pessoa do vice-ministro do Interior, coronel José Mandra, de violação dos princípios do Memorando de Cessação das Hostilidades Militares, assinado em 5 de Setembro passado, pelo presidente da República, Armando Guebuza, e pelo presidente da Renamo, Afonso Dhlakama.
Mandra é acusado de ter proferido declarações na Gorongosa consideradas como violadoras dos princípios do Memorando da Cessação das Hostilidades Militares.
O facto de José Mandra ter ido à antiga residência do presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, em Sandjundjira, e de lá ter proferido declarações sobre a prontidão das Forças de Defesa e Segurança é interpretado por advogados da Renamo como violação do Acordo.
A Renamo denuncia a existência de movimentações militares também em Tete, Sofala, Manica e Zambézia. Nos termos do memorando de entendimento, a supervisão das zonas em conflito deve ser feita em conjunto pelas delegações do Governo, da Renamo e da Equipa Militar de Observadores da Cessação das Hostilidades Militares, o que, segundo a Renamo, não aconteceu, pois o vice-ministro do Interior, José Mandra, foi a Sandjundjira sozinho, para ir anunciar a prontidão combativa das Forças de Defesa e Segurança exactamente na antiga residência de Afonso Dhlakama, que havia sido assaltada pelas tropas governamentais a 21 de Outubro de 2013.
A atitude de José Mandra é interpretada pela Renamo e por alguns observadores, sobretudo de questões militares, como um exercício de exibição de força, de desprezo pela Renamo e de incitamento a hostilidades militares.
Para a Renamo, esta acção isolada do Governo contraria o espírito de entendimento.
A Renamo já tinha avisado que iria comunicar a provocação à EMOCHM, aos países membros da missão dos observadores internacionais e à ONU.
O Governo diz que não há nenhuma violação por parte do vice-ministro do Interior, José Mandra, declarando que ele, como membro deste Governo, não violou nenhum dispositivo legal, porque tem o direito e o dever de visitar qualquer parte do território nacional e de manter encontros com as forças da lei e ordem lá estacionadas e de anunciar e verificar a prontidão dessas forças. (Bernardo Álvaro)
CANALMOZ – 26.11.2014